Tragédias Anunciadas
 
 
Semana passada testemunhei um acidente com vítima fatal. Entre os envolvidos no acidente estavam aqueles que deveriam cuidar de nossa segurança – os guardas municipais de trânsito. Em uma crônica anterior* eu já havia chamado atenção para o perigo de muitas práticas destes profissionais. É comum vê-los dirigindo perigosamente, praticando irregularidades (andar três numa moto), fazer retornos em locais proibidos, só para citar os mais comuns.
 
É de longe que ouvimos reclamações contra os abusos por eles praticados, mas, até o momento nada foi feito, ou, se foi, não surtiu efeito. Estes guardas, em sua grande maioria são muito jovens, a eles são atribuídos poderes de polícia, entretanto, ao que parece, não recebem uma formação que mostre a dimensão dessa responsabilidade. O que percebemos é que eles, em sua grande maioria, não estão preparados sequer para serem condutores.
 
A cena que presenciei foi uma das mais fortes que já vi. O corpo estendido no chão e o jovem motorista com as mãos na cabeça, num ato de desespero de cortar o coração da mais insensível das criaturas. Seu ar de “meu Deus o que foi que fiz?”, e a tristeza estampada em seu rosto era o mais puro reflexo da angústia de alguém que se via diante de uma cena surreal. Parecia uma criança desamparada, perdida de seus pais. Cena que poderia ter sido evitada se as leis do trânsito tivessem sido respeitadas. Mas usar setas não é uma prática comum por aqui.
 
Independente do resultado desta investigação duas pessoas já foram duramente punidas, o jovem de vinte e um anos que morreu quando retornava do trabalho, e aquele jovem, que em horário de trabalho envolveu-se no acidente.
 
Quantas pessoas morrem no trânsito mossoroense? Milhares! O trânsito, que deveria facilitar nosso direito de ir e vir, em virtude da imprudência de algumas pessoas põe em risco a vida de motoristas e pedestres. Quando haverá uma fiscalização mais rigorosa? Quando os “cuidadores” do trânsito respeitarão as leis que regem seus trabalhos? Será que precisaremos testemunhar a morte de uma “figura importante” para que providências sejam tomadas?
 
Este caos é fruto, em grande parte, da falta de organização do nosso trânsito, falta de fiscalização, falta de punição. Mas, verdade seja dita, grande parte também é da sociedade que acha natural transgredir as leis, dirigir alcoolizado, não respeitar a sinalização. A solução para o caos instalado na cidade é uma parceria entre as duas partes: as autoridades, aumentando a fiscalização e punindo com rigor e a sociedade, respeitando as leis, os pedestres, motoristas conscientes dos perigos de dirigir bêbado. Só assim poderemos evitar que mais vidas sejam tiradas ou prejudicadas no trânsito.
 
É inconcebível que o homem, tendo criado o automóvel, insista em desobedecer a regras indispensáveis para sua segurança e bem estar. Esse mesmo automóvel que parecia ser a redenção do homem, tornando-o senhor do tempo e do espaço, agora é o seu maior algoz, uma perigosa arma usada com irresponsabilidade vitimando pessoas e ceifando vidas – crimes que, quase sempre, ficam na impunidade, somados a outros tantos. 

O motorista faz o que quer. O pedestre parece não ter a mínima noção dos seus deveres. Os que ousam obedecer à lei do trânsito são barbaramente fechados e objeto de escárnio. São os vilões dessa trágica história de homicídios e vandalismo praticados por motoristas irresponsáveis que sempre acreditam que nada vai acontecer. 
 
Faz-se necessário que as autoridades e a sociedade tomem imediatas e enérgicas providências, forçando a mudança desse trágico curso, antes que seja tarde demais, para a salvaguarda de inocentes vidas humanas. 
 
PRECISAMOS RECOMEÇAR A CAMPANHA
DA VIDA PELA VIDA. 
 
 
*http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3441947



 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 27/03/2013
Reeditado em 02/08/2013
Código do texto: T4210076
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.