A Poesia, um Instrumento.

Tenho comigo o pensamento de que podemos ser muito felizes quando encontramos riquezas e encantamentos nas coisas mais simples que estão ao nosso redor e que, se não observados atentamente, poderão passar despercebidas e perdemos muito com nossa insensibilidade ou indiferença.
Certa vez, alguém me fez esta pergunta: “– Como te inspiras para fazer poesias singelas, românticas e tão belas e ver encantos em coisas tão pequeninas, enquanto no mundo moderno e globalizado estão no dia a dia grandes balbúrdias sobre acontecimentos fantásticos e, não raro, espetaculares descobertas extraordinárias, conquistas cientificas, guerras fundamentadas no desejo vispano do ter, do poder e do prazer, guerras genocídios na ânsia por dominação enquanto, por outro lado, a humanidade é tomada de assalto ante as doenças avassaladoras: Aids, Dengue, Febre Amarela, Gripe Suína, a fome e a miséria humana?”
Enquanto tantos vivem na fartura e na luxuria, povos inteiros morrem de fome e de sede: fome crônica... sede de água, sede de justiça, sede de amor! Respondi, então, ao meu interlocutor: “– Creio que posso responder a sua pergunta com a mesma singeleza dos poemas que escrevo. O mundo em que vivemos tem essa face inquietante, preocupante que exige e urge por soluções. Mas, de que adianta lamentar tão somente, se eu não apontar nenhuma solução?”
No jardim do mundo vamos encontrar flores, pedras, vespas, espinhos... e cada um desses elementos ocupam um espaço. Se quero alcançar as flores, certamente, vou tropeçar em alguma pedra e nela, talvez me ferir, em algum espinho, ser atacado por algum inseto não desejável, venenoso... mas o que não osso deixar é de curtir a beleza das flores, cultivá-las, regá-las se preciso, simplesmente pelo fato de não querer arriscar e transpor os obstáculos. Assim é o poeta: colhe néctar nos agrestes para adoçar as amarguras, se fere nas curunilhas da vida para falar, ainda que em versos, pelos que as vozes calaram sobre a opressão e dizer talvez, que enquanto á vida, há esperança e faz de seus versos a sua arma e usa nas guerras de libertação e apelo à conversão e às transformações.
Sim, choramos com os que choram e poetificamos a vida nos seus valores, a natureza em seus valores, a natureza em seus alvores. E é daí, creio eu, que nos vem a inspiração lírica por entre os elogios do mundo.
Venha cantar conosco e o nosso poema se fortalecerá e junto sentiremos orgulho de ser instrumento de tabor, poetas pela paz universal.

 
Juraci da S Martins
Enviado por Juraci da S Martins em 01/04/2013
Reeditado em 16/04/2013
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