Em minhas costumeiras homilias, durante as exéquias, gosto de refletir e partilhar com os presentes uma citação bíblica muito confortante (Jô, 14,1-3). E, é algo que veio confirmar o que sempre pensei sobre a morte humana. E então, resolvi transcrever o belo que encontrei nessas páginas de profunda reflexão e conscientização. Na descrição feita sobre a morte, na visão cristã, reforça-nos a fé na ressurreição, ou seja, para um nascimento definitivo. É, portanto, na morte que se dá, então, o verdadeiro nascimento do ser humano. Ele, segundo o estudioso, implode e explode para dentro de sua plena identidade. O cristianismo chama esse momento de absoluta realização da ressurreição. A ressurreição, portanto, é a plena concretização das virtualidades presentes no ser humano.
Os apóstolos testemunharam que tal evento se realizou em Jesus Cristo no momento de sua morte na cruz. Por isso, é apresentado como o “Adão novíssimo” (I Cor 15,25), a sua criatura que tocou o final dos tempos. Ele é o sinal real de que o ser humano pode renascer definitivamente.
Então, conforme S. Paulo fala ao povo de Felipo, o nosso corpo de miséria devolvemos a terra para receber um corpo de glória, que se eternizará na plenitude da graça junto ao Pai Criador, ao filho Salvador e ao Espírito Santo Santificador. Portanto, a morte, para muitos representa um fim total e, por isso, leva ao desespero. Para o cristão que conhece e acredita na palavra de Deus, ela é encarada como um renascimento para uma vida plena e definitiva junto a Deus. Jesus disse certa vez: “Eu vou para junto de meu Pai, vou preparar para vós um lugar e, quando eu estiver preparado esse lugar, eu voltarei e vos levarei comigo, afim de que onde eu estiver, estejais também vós.” (Jô 14,1-3)
No entanto, o sofrimento, a tristeza e a saudades que a morte proporciona, é humanamente compreensível, pois somos limitados diante dos mistérios divinos que envolvem nosso existir... vida, morte e ressurreição.