Somos onde estamos

Por Gilrikardo

Em décadas de vida, já residi em várias localidades. Algumas por força do trabalho, outras por livre iniciativa, além daquelas cuja escolha dos pais determinaram o destino. Essa experiência levou-me a compreender porque o melhor lugar do mundo é “aqui e agora". Pois além de minha sobrevivência, partilho todos os sonhos, as conquistas, as derrotas e os aprendizados que somados à herança cultural tornam-me um vivente inserido no cotidiano da maior cidade do estado de Santa Catarina - Joinville.

Por isso quando ouço pronunciamentos bairristas, separando as pessoas em dois grupos, entre os que são de fora e os daqui, causa-me certa perplexidade. Já que sou filho da nação brasileira e como tal livre para circular dentro dos oito milhões e meio de quilômetros quadrados sem ser um forasteiro - (vide Constituição Federal Art. 5º XV). Também surpreende-me determinadas palavras, especialmente de alguns formadores de opinião, que se arvoram privilegiados por nascerem aqui, de certa forma é verdade, pois a terra é maravilhosa. De outro modo não significa que seu amor a Joinville, como insinuam, seja melhor ou maior do que o meu ou de outros de fora. Tais colocações parecem contaminadas pelo ranço da discriminação e passariam despercebidas caso estivessem restritas a conversas ou piadas banais que circulam pelos bares da vida. Entretanto, ocasionalmente surgem na mídia com o imoral propósito de disfarçadamente desqualificar personagens envolvidos publicamente em questões locais.

Ora, somos onde estamos. Portanto, existe aqui gente que joga papel na rua, gente que não respeita o patrimônio público frente a quem luta pelo bem comum e a quem contribui para edificar o coletivo. Enfim, constituímos uma população (uns-de-fora-outros-de-dentro) rica em virtudes e defeitos cujas atitudes, elevadas ou não, revelam-se através da educação imbuída de valores vindos desde o berço e não pelo local de nascimento.