Sabe com quem está falando?
Ingresso grátis em palestra do deputado, pastor e maluco de
plantão, Marco Feliciano, para quem levantar a mão: quem nunca
foi tratado mal por recepcionista? Levantou? Está mentindo e
merece assistir à palestra.
Em algum lugar deve haver um tratado que o Indiana Jones
descobrirá, uma organização secreta, uma escola tão importante
quanto anônima que escolhe os menos capazes e os inicia na arte
da falta. Falta de educação, de consideração, de bom senso, de
boa vontade. E aqueles a quem nada disso falta, acabam sendo
jogados na mesma cesta graças a irritação provocada no pessoal
do lado de cá do balcão ou mesa. Os bons – e os há, muitos –
portanto, que me perdoem. Ou ajudem a enquadrar aqueles
colegas, digamos, equivocados.
“Não sei”. “Não posso fazer nada”. “Não posso informar”.
“Não é comigo”. “Não sou eu que faço as regras”. “Não dá pra mim
fazer”. Esses devem ser alguns dos títulos do longo tratado, e
certamente os primeiros a serem abordados, pois são unanimidade
até entre os neófitos da função. Sim, existe uma escala: a pessoa
pode chegar a Irritador Sênior e, depois, a Irritador Mor, mas isso
só depois que todos clientes ou usuários já cansaram de reclamar.
Tratar o cliente como ignorante, negar-se a procurar soluções,
não prestar atenção ao que ele precisa, negligenciar parecem estar
no manual de alguns recepcionistas.
Infelizmente, existe um lugar onde isso nunca poderia
acontecer, exatamente por sua missão, mas acontece: o serviço
público. Deve ser alguma herança maldita da colonização, em que
os senhores de tudo e de todos eram funcionários da Coroa e isso
lhes dava poderes ilimitados. Já naquela época, os maus
funcionários se aproveitavam da situação. Não sei se tinham
estabilidade. Agora têm.
Atribuem a Neném Prancha (Antônio Franco de Oliveira),
antigo roupeiro, massagista e olheiro do Botafogo, a frase: “O
pênalti é tão importante que devia ser cobrado pelo presidente do
clube”. Ele negou que a tivesse cunhado, mas poderia ser
aplicada à recepção de empresas privadas e públicas.
Na pior das hipóteses seus dirigentes ficariam sabendo do que acontece
sem os inumeráveis filtros que mascaram a realidade.