O fim melancólico da Dama de Ferro

A morte de Margaret Thatcher despertou reações diversas no Reino Unido e em outras partes do mundo. Líderes declararam que morreu uma grande líder que tinha posto a Inglaterra no caminho do progresso econômico, enquanto pessoas iam às ruas comemorar a sua morte, dizendo que suas medidas tinham prejudicado pessoas da classe trabalhadora. Meu amigo virtual da Inglaterra, com quem troco e-mails, mandou-me slides onde pessoas apareciam se referindo à mulher que ficara conhecida como "Dama de Ferro" com nomes impublicáveis, tomando bebidas alcoólicas e rindo bastante, fazendo questão de mostrar como ela era odiada.

De fato, Margaret Thatcher tomou medidas impopulares, que deixaram muitas pessoas insatisfeitas e defendia políticas polêmicas, que não a tornaram uma figura realmente muito querida, como o seu apoio declarado à política do apartheid da África do Sul e o fato de ter se referido a Mandela como um "terrorista". Seu jeito autoritário, sua inflexibilidade e a firmeza com que implantava e seguia com suas decisões, desafiando opositores e a opinião pública, dividem opiniões. Para alguns, isso era uma prova de que ela era coerente e fiel a seus princípios. Para outros, mostra que era uma pessoa arrogante e que não tinha habilidade nem interesse em contemporizar.

Vendo tantas manifestações contrárias, penso que fica difícil saber quem foi realmente a "Dama de Ferro". Penso que, com o tempo e avaliações menos apaixonadas, saberemos melhor quem foi Mrs. Thatcher. O que sua morte me faz concluir é que seu fim foi melancólico. Nos últimos anos, a mulher que comandara a Inglaterra com seu pulso firme era apenas um espectro do que havia sido. Suas últimas fotos mostram um estado lamentável de decrepitude e, mesmo que ela tenha prejudicado a muitos com suas decisões, ao vê-la, quase inválida e provavelmente sofrendo de demência, nós sentiamos piedade do seu frágil estado. Nada havia sobrado da "Dama de Ferro", que fora, por longo tempo, a mulher mais poderosa da Inglaterra. Ainda que ela não tenha sido uma pessoa querida por grande parte do povo comum, não podemos deixar de reconhecer que ela fez História, por ser a primeira mulher a assumir o cargo de Primeira-Ministra e que, mesmo que tenha sido inflexível e impopular, foi firme e destemida enquanto exerceu seu cargo.