Escreveu não leu o pau comeu!

Espere ai! Não fui eu que disse. Estou simplesmente repetindo o dito popular que já ouvia a minha avó dizer. E cabe muito bem em algumas situações que deduzimos:
"Nunca irão acontecer conosco e sim com o vizinho"!

Tudo começou quando a marianinha estava sozinha, havia saído de um relacionamento recente e estava pra lá de depressiva, chorando pelos cantos, se maldizendo da vida.
Não queria saber de mais ninguém ao seu lado.
Chega! Dizia: Não tenho sorte com homem nenhum, dá tudo errado! A gente faz de tudo e só recebe paulada!
E neste drama que não é dos pequenos, vivia a marianinha, desprezada por si mesma. O trabalho que era a sua fonte de renda, perdeu devido aos atrasos e faltas.  Estava assim: magra feia e descabelada, sem animo pra viver quando conheceu o Ronaldo!
Sua taboa de salvação, o enviado de Deus, segundo ela mesma, porque já estava uma morta viva.
E o Ronaldo chegou vindo não sei de onde e se instalou de mala e cuia na casa da marianinha que agora era outra.
Marianinha que era bonita e se tornou um poço de feiura, renasceu!
Agora tomava banho todo dia, cuidava do cabelo que não penteava mais, abriu as janelas da casa que deveria estar cheirando a mofo e do coração que estava machucado demais pelos maus tratos que recebeu dos seus relacionamentos mal resolvidos.
Ronaldo chegou. E chegou com tudo em sua bagagem de salvador, inclusive o domínio da situação.
A primeira providencia que tomou foi levantar os ânimos da marianinha para que ela voltasse ao mercado de trabalho. 
O Ronaldo como salvador levava e trazia a marianinha do trabalho e em casa ela mal tinha tempo de trocar a roupa e tomar um banho porque dava gosto de se ver a preocupação do Ronaldo em se inteirar das oito horas que ela ficava nas quatro paredes do trabalho.
Detalhe por detalhe do seu dia a dia. Inclusive se os chefes e colegas eram homem ou mulher!
Era lindo de se ver!
O Ronaldo se pudesse não deixava a marianinha pisar no chão ele a carregaria nos braços e até as roupas pra ela vestir ele escolhia porque agora a marianinha não usaria mais aqueles vestidos com decotes, e nem apertados que delineavam o seu lindo corpo, e aquela preocupação descabida, era tudo que a marianinha precisava.
Necessitava de alguém que a amasse de verdade e vaidosa achava lindo demais quando o Ronaldo a proibia de atender ao telefone e não poderia também expor a sua pureza em redes sociais.

E o ciúme? Era a maior prova de amor que alguém já havia lhe demonstrado!
Afastada de tudo e de todos assim vivia a marianinha porque o Ronaldo era o seu mundo.
E era aquela velha cantiga: escreveu não leu o pau comeu! Porque será que a marianinha tinha o triste destino de atrair amores recheados de pauladas!
Passaram-se os meses, e certo dia chega à marianinha, em pleno verão de toca da cabeça e o rosto todo marcado.
Também pudera! Caiu da escada e se machucou! Ninguém se atrevia em perguntar o que aconteceu porque a marianinha se afastou de todo mundo para viver tão somente num mundo somente seu.
E bastava fitar o seu rosto para compreender a amargura que existia dentro daquele coração que embora com 35 anos ainda não tinha amadurecido para encarar as diversas situações da vida!
Ela só se abriu de verdade e primeira vez na sua vida, em oração pra Deus. Para pedir ajuda.
E naquele instante deixou a humildade entrar no seu ser.
A marianinha não tinha mais nada, o Ronaldo havia levado todos os seus pertences. Foi embora o seu grande amor, o seu suporte de meia vida, a razão frágil e sem sentido da sua mascarada felicidade.
A Marianinha, não tinha mais nada, mas agora tinha tudo porque o sofrer era tão grande e verdadeiro que não tinha como não se curvar para o aprendizado da vida! Aprendeu a reconhecer os próprios erros quando a humildade entrou e o clarão iluminou o seu interior que foi varrendo as incertezas, e agora não precisava ficar como ficou das últimas vezes!
Não tinha mais nada, mas agora era uma mulher fortalecida pela dor, sabia por intuição que precisava curar a si mesma. Os amigos verdadeiros retornaram, não existia mágoa no seu coração e também aprendeu a enterrar o passado que só lhe servia mesmo de lição. Do seu olhar agora irradiava tranquilidade e segurança. Seus passos agora eram firmes e seguros. E quando por distração alguém perguntava do Ronaldo ela respondia:
A lição do não leu o pau comeu me fez conhecer a importância de andar com os próprios pés.  Aprendi que não estou preparada ainda para encontrar alguém que me ame de verdade porque para receber amor é preciso também ter amor pra dar e eu só tinha desilusão, amarguras e resentimento.
Esta é mais ou menos a história de muitas pessoas que entram de cabeça em um relacionamento simplesmente porque não suportam a dor da perda.

Emedelu
Enviado por Emedelu em 13/04/2013
Reeditado em 15/04/2013
Código do texto: T4238891
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