"O PAÍS DAS CANTORAS"

    Vozes femininas têm surgido no cenário musical revelando surpreendentes talentos na Música Popular Brasileira.

     Os anos 80, década em que nasci, marcaram uma transição com a perda de Elis Regina e dela uma retomada de que ainda é referência. Elis era uma artista completa; uma cantora de grande recurso vocal, intérprete definitiva para qualquer gênero. Deixava os percussionistas atordoados com a sua versatilidade rítmica.

      Novos nomes, novas cantoras, novas vozes, novas intérpretes. Esta distinção há que ser feita quando poucas cantoras somam qualidades que lhes definam e lhes comprovam o talento. Uma cantora pode ter uma bela voz e não ser uma intérprete; pode, mesmo sem grandes recursos vocais, ser uma boa intérprete; pode também, sem voz nem interpretação, destacar-se pela beleza física ou pela dança. Isto vai de gosto a gosto, à preferência de gênero. Há cantoras que cantam, há cantoras que interpretam. Há as que cantam e interpretam, há as que só dançam. Há as que cantam, interpretam e dançam, mas se perdem no repertório. Mas há, felizmente, as que dançam, têm bela voz, magnífica interpretação e selecionado repertório, ainda que sejam raras.

      Começo pela herdeira de Elis, cuja voz se assemelha à da mãe no timbre e na interpretação, mas distancia-se na extensão e contraria no repertório. Maria Rita não conseguiu ser o que a crítica tentou provar. É uma boa cantora já buscando a própria interpretação, e isto a mantém num bom espaço.

       Marisa Monte tem voz e interpretação impecáveis. Tem a virtude de regravar pérolas da MPB, mas vez por outra, cede ao interesse comercial de um Amor I Love You.

      Adriana Calcanhoto tem bom repertório para compensar-lhe a voz miúda, nasalada. Uma intérprete insossa, que canta direitinho com uma voz comum.

     Ná Ozzetti há algum tempo impressiona pela qualidade técnica da voz, interpretação personalíssima e repertório bem cuidado. O grande público ainda não a descobriu.

   Teresa Cristina e Rita Ribeiro são ótimas cantoras e intérpretes, com bom repertório.

     Ivete Sangalo tenta sair do axé que a levou ao estrelado e tem tudo para ser, antes de uma estrela, uma cantora de fato. Mas está se desgastando na mídia. É um arroz de festa em todos os programas de TV e comerciais.

  Vanessa da Mata, esta sim, merece todo o reconhecimento, aplauso e prestígio por parte da crítica e do público. É uma cantora/intérprete por excelência. Afinadíssima na qualidade vocal, intérprete consciente, criteriosa na escolha do repertório; presença carismática no palco.

   Zélia Duncan tem uma voz abaixo do comum, mas se salva pela interpretação de um bom repertório. Ana Carolina é um vozeirão pra ninguém botar defeito. Repertório, nem tanto.

  Ellen Oléria é um produto do The Voz que, por enquanto, só convenceu os jurados. Não sabe dar ao repertório o que a própria voz é capaz.

  Roberta Sá, que saiu do mesmo programa, firmou-se na opinião da crítica e do público como uma das mais respeitáveis revelações entre as vozes femininas da atualidade. É uma excelente intérprete da MPB.

  As vozes femininas estão aí surpreendendo o tão variado gosto do público e da crítica. Na esteira de Clara Nunes, Mariene de Castro gravou um DVD que merece toda atenção. Bela voz, mas ainda inexpressiva no palco.  

No país das cantoras, os cantores estão envelhecendo ou já morreram. É bom saber que ainda temos Djavan, e que Jorge Vercillo tem todas as qualidades de um verdadeiro cantor.

Roberta Sá.

Vanessa da Mata

http://www.youtube.com/watch?v=v4k6JgC7UVA

Roberta Sá
http://www.youtube.com/watch?v=LWgznCuBGMg

Mariene de Castro

http://www.youtube.com/watch?v=cEDkL1QgATQ

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LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 14/04/2013
Reeditado em 14/04/2013
Código do texto: T4240417
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