O PETELECO SUMIU, E AGORA?

O PETELECO SUMIU, E AGORA?

Dia dezesseis de março, acordei, uma noite não muito boa. Arrumei-me para ir à academia. Passou pela minha cabeça em não ir, mas fui. Saí da academia por volta das 11:15h, cheguei em casa às 11:30h. Fui recebido por minha empregada que disse: - “Kiko, não tenho uma boa notícia para você, o Peteleco sumiu. O rapaz veio entregar o galão de água, bateu a cabeça na parede, o galão caiu no chão e o Peteleco se assustou e saiu correndo em direção a rua. Eu respondi: - O que! A Teresa vai morrer! Nesse momento, um grande vazio e um sentimento de impotência bateu sobre mim. Olhei desolado para a esquina com esperança dele aparecer. Nada. Resolvi pegar a moto e ir a sua procura pelo bairro. Fiquei a “caça” até as 13:00h, sem encontra-lo. Estava na hora de buscar a Teresa para o almoço. Fiquei pensando como daria a notícia para ela. Sabia que seria traumático. Da minha casa ao trabalho da Teresa, fiquei `procura do Peteleco e nada. Ao chegar no trabalho, Teresa já estava me esperando, com o seu capecete na mão, foi então que eu, sem rodeios, logo a disse: “Teresa, o Peteleco sumiu”. Ela entrou em desespero. Chorou copiosamente até a nossa casa. Foi para o quarto e continuou a chorar. Eu fiquei comovido com aquela cena. Como ela gosta desse cão. Tive a idéia de ligar para “moto-som” que faz anúncios. Liguei para um senhor chamado Valter. Falei com ele o acontecido, por telefone, e ele com a maior presteza, rapidamente apareceu em nossa casa. Pegou o endereço e os telefones para contato e foi gravar o anúncio sobre o desaparecimento. A única coisa que nos restou foi rezar pelo aparecimento do Peteleco. Alguns minutos após, a “moto-som” passou em nossa rua na maior altura com o anúncio: “Atenção! Desapareceu um cachorro da raça pinsher, cor preta, número zero, da Rua Dorila França Rios, nº 35, Fiteiro, se alguém souber o seu paradeiro favor entrar em contato pelos telefones nº 9256987 ou 3824 2569, que será bem gratificado”. E a gente rezando para o telefone tocar. Passados alguns minutos, o telefone tocou. Atendi, era voz de menina. Ela me deu o endereço onde estava o cachorro. Eu e Teresa fomos de moto até o endereço fornecido, chegamos lá, um menino nos recepcionou e disse que não tinha nenhum cachorro ali. O mundo novamente desmoronou, era trote. Voltamos para casa desolados, mas esperançosos. Deu a hora da Teresa voltar ao trabalho, três horas da tarde. Levei-a, sempre chorando copiosamente. Falei para ela se tivesse alguma notícia rapidamente a ligaria. Voltei para casa esperando alguma noticia e por volta das 15:40h, apareceu três meninos de rua com o Peteleco, dentro de um saco vermelho. Uma explosão de alegria tomou conta de mim. Um dos garotos disse: -“ Tá doido, esse cachorro me mordeu muito, ele estava lá na beira-rio”. Eu dei uma gratificação em dinheiro aos meninos e eles saíram felizes. Graças a Deus ele voltou para o nosso convívio.

Conclui-se dessa história, trágica com um final feliz, que quando o universo conspira em nosso favor, tudo dá certo. A “moto-som”, estava disponível a uma hora da tarde, eu estava com dinheiro, o Peteleco não foi receptivo com as pessoas que o capturaram e os meninos de rua estavam precisando de dinheiro.

Marcos Lacerda, março de 2007.

kikoss
Enviado por kikoss em 24/03/2007
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