O VENTO QUE VENTA LÁ, VENTA CÁ

Quarta-Feira, 17 de Abril de 2013.

O VENTO QUE VENTA LÁ, VENTA CÁ

Ontem, nas minhas andanças ao léu, travei conhecimento com duas pessoas. Uma mulher grega e um homem espanhol. Em momentos diferentes, diga-se de passagem.

Com a grega, apesar do diálogo difícil, em razão dela não dominar o português e eu o inglês, mesmo assim ainda conseguimos conversar algo, a ponto dela contar-me que está no Brasil há cerca de três meses, vindo a trabalho. Está a serviço do Comitê Olímpico Internacional e prestará serviço ao governo Brasileiro até à realização das Olimpíadas de 2016. Sua área de atuação é com relação à parte turística.

Já com relação ao espanhol, ele também se encontra na mesma condição da mulher grega, mas já está em nosso país há seis meses, atuando na parte relativa à segurança dos jogos. Ambas as pessoas fazem esse tipo de serviço no plano internacional e estiveram na Inglaterra, quando da realização das olimpíadas que se realizaram lá. Informaram-me, que existem cerca de mil pessoas trabalhando com eles (todos estrangeiros), e até à realização das Olimpíadas, esse número alcançará cinco mil outros componentes, todos estrangeiros, também.

De interessante que me relataram, foi com relação às remunerações que recebem: é o governo brasileiro quem os paga. E, pelo jeito, deve os pagar muito bem, porque ambos residem na zona sul da cidade. Ela em Ipanema e ele no Jardim Botânico.

E como é de praxe todas as vezes que converso com estrangeiro (só em português, é claro), indago a eles sobre a diferença que observam entre seu país e o nosso. E geralmente recebo quase sempre a mesma resposta: o Brasil é um país que possui um povo alegre e comunicativo. Mas reparam, sempre, no aspecto da parte social, onde observam muitas deficiências. Mas isto não chega a ser surpresa nem para nós, no caso.

Também apontam a violência urbana como uma situação muito grave e deficiências no transporte e no trânsito da cidade que acham muito ruim. Mas isto, também, não é nenhuma novidade para os brasileiros, que vivem os problemas em suas próprias carnes.

Mas surgiu-me uma questão nessas circunstâncias: Será que aqui, em nosso país, não temos pessoas gabaritadas e/ou preparadas para desenvolver todas as ações necessárias para garantir a realização de quaisquer grandes eventos, por nós mesmos?

Uma das reclamações dos brasileiros é no tocante à remunerações que recebem de seus empregadores: geralmente abaixo do que precisam e, principalmente, do que esperam receber.

Daí que o país admite estrangeiros para atividades que dizem não haver no Brasil, pagando salários no plano europeu, por exemplo, enquanto nós, os brasileiros, continuamos recebendo salários de terceiro mundo.

É uma situação conflitante, sem dúvidas, e paradoxal. Haja vista que, pelo que conversei já com vários estrangeiros que vieram para cá trabalhar, e os mesmos sempre elogiaram a nossa capacidade laboral, a ponto de os surpreenderem, pelas facilidades que temos em resolver situações complicadas nos serviços que executam, quando, lá fora, eles levam um tempo maior para encontrarem certas soluções para as dificuldades profissionais surgidas em suas ações.

De minha parte, ficarei sempre na posição de crítico à certas atitudes que observo nos gestores públicos brasileiros, que parecem não querer enxergar o "óbvio ululante": Nós até podemos não ser melhores do que eles, com certeza, mas, também, não somos piores. O que têm que haver, nesses casos, é fé no potencial de nossos profissionais, que já dão mostras claras de que não estão em planos inferiores a nenhum outros sejam lá de onde forem ou de quaisquer partes do mundo, com certeza.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 19/04/2013
Código do texto: T4248420
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