O TREM, O RIO E A SAUDADE.

 
 
 
                    Da estação na capital, no horário previamente marcado o trem parte todos os dias em direção a alguma cidade do interior.
                    Essa partida inicia-se com determinado número de passageiros que aos poucos aumenta enquanto que ao final vai diminuindo.
                    Nas primeiras estações uns embarcam e outros desembarcam. Claro, numa proporção bem maior quantos aos que embarcam; enquanto que já nas últimas estações antes do final inverte-se a proporção, esvaziando cada vez mais.
                    E nestas partidas a saudade está presente tanto para os que partem como para os que chegam. Afinal, uns vão para não mais voltar e outros chegam para ficar.
                    E esse rodízio de ida e volta é que faz a diferença na vida de cada ser humano. Até porque na Terra que é uma grande estação aonde chegamos somos todos passageiros. Nela ficamos, mas dela um dia teremos que partir.
                   De um simples olho dágua que verte em algum lugar da Terra, normalmente nos pés das serras e montanhas nascem os grandes rios.
                   Dessas nascentes que iniciam uma corrente as águas vão aumentando pouco a pouco, na medida em que vão encontrando outros regatos até o final dos seus cursos.
                   Pois então, esse pequenino fio de água vai se modificando gradativamente primeiro numa valeta ou um valo, depois num córrego, daí num pequeno riacho, depois numa cachoeira e numa grande cascata, até se transformar num grande rio. Só que nessa caminhada ele vai encontrando outros córregos, rios, cachoeiras, etc. e com eles se abraçando.
                    E aqui está o grande segredo dos rios. De vários portos localizados em pequenas cidades e barragem partem vários tipos de embarcações, desde uma canoa com capacidade de transportar um único passageiro até navios de grandes calados ou grandes portes.
                    E nessas embarcações viajam seres cheios de esperanças que levam, trazem e deixam saudades.
                    Se observarmos atentamente essas movimentações do trem, do rio e da saudade veremos o quanto eles tem em comum, diferenciando-se por algumas nuances:
                    O trem, na maioria das vezes parte de uma cidade grande ou metrópole em direção a uma cidade pequena ou de um pequeno distrito da periferia.
                    O rio parte de uma minúscula nascente em direção ao grande oceano, com exceção de alguns, como é o caso do Rio Tietê que nasce na Serra do Mar, em Salesópolis - SP e deságua no Rio Paraná na divisa dos Estados de São Paulo e Mato Grosso. Mesmo assim, o Rio Paraná que é o maior e mais importante da Bacia da Prata, desemboca no Oceano Atlântico.
                     E igualmente as bases dos principais portos e pontos de partidas de importantes embarcações estão localizadas nas pequenas cidades, de onde são enviados produtos diversos e também passageiros com destino aos grandes centros.
                    Ah! Quase me esquecia da saudade. Essa danada está em todo lugar. Está no trem, no rio, no oceano, nos navios e nos nossos corações.