Sabedoria Infantil

Cada criança tem o seu tempo próprio para explorar os horizontes, o seu ritmo próprio de crescimento e amadurecimento. Os pais atentos a estes detalhes, tem a nobre e difícil tarefa de educá-la, dosando autoridade, colocando limites com carinho, diálogo e compreensão de cada fase que seu filho está vivendo. A postura dos pais é a chave para o desenvolvimento da criança, para que ela aprenda a assumir responsabilidades sem se tornar confusa e reprimida. Nenhuma criança, nos seus primeiros anos, sabe exatamente o que é o bem e o que é o mal. Ela sabe no entanto analisar, a seu modo ainda meio primitivo, em cada situação a atitude dos pais e através desta criar a sua visão do mundo, elaborar as suas próprias regras.

Educar criando limites não é fácil, mas é muito importante que os pais sejam firmes e de confiança para os seus pequenos, porque só assim criarão indivíduos preparados para enfrentar a sociedade de uma forma equilibrada e o retorno compensador virá.

Fernanda e Léo se aprimoravam na educação de Victor, o filhinho de dois anos, sempre aconselhando na base do diálogo, da conversa olho-no-olho, mesmo que ele ainda não pudesse entender muito bem. Mas já foram treinando-o para o respeito mútuo – dos pais para com ele e vice versa. Victor se encaixou bem neste tipo de educação e sentia-se feliz. Hiperativo, antenas ligadas, às vezes, no entanto, ele aprontava. Outro dia, chegaram algumas crianças da vizinhança para brincar com ele. Correram, pularam, assistiram TV, lancharam, mas na hora de usar os brinquedos, Victor ficou na frente da grande cesta protegendo-os. Não queria mesmo compartilhar. As crianças ficaram sem graça mas logo veio a Fernanda e explicou bem pausadamente:

— “BRIN-QUE-DO DO VIC-TOR É BRIN-QUE-DO DE TO-DAS AS CRIAN-ÇAS. Todas podem brincar e depois é só guardar novamente na cesta!”

Victor, habituado à obedecer à mãe quando ela explicava com paciência, lembrou-se do pacto entre eles, e mesmo contrariado emprestou todos os brinquedos e as crianças distraíram-se a valer!

Daí a poucos dias, Fernanda vai anotar alguns compromissos na agenda e a encontra toda rabiscada.

- “VICTOR! O QUE VOCÊ FEZ COM A AGENDA DA MAMÃE?”

Victor, senhor de si, já tinha a resposta na ponta da língua e disse na maior calma, escandindo as palavras:

- “ A A-GEN-DA DA MA-MÃE É DE TO-DAS AS PES-SOAS. TO-DO MUN-DO PO-DE ES-CRE-VER!”