Tudo é demais!!!

“nasci com defeito. Tudo é demais!!!!”

Pois é... porque ser só, estar só, parece ser defeito. É assim que vivo e incomodo, incomodando-me. E sabe, nem sei se seria a mesma caso fosse como não sei ser. Tenho cá comigo as minhas “coisas”: vibro em gostar de coisas “estranhas” coisas que ninguém gosta. Esta coisa, de criticarem minhas coisas me irrita bastante e viro um ouriço do mar. Se algum pé pisar-me, lanço veneno que só alivia com xixi (de outra pessoa) dizem. Sou fada, feiticeira , adivinha, indiferente e surda quando quero, Nada vejo quando é preciso. Vejo tudo quando não devia e sinto cheiros da mata, diferentes, a depender de tantas coisas... às vezes sou esterco de vaca, outras, diamante lapídado. Posso ser floco de algodão, areia, seda, lona, vento, raio, rio, rochedo, madeira recém machadada, nuvem ou estrela.

Durante esses dias que não postei fui possuída por uma saudade sem tamanho, querendo estar acompanhada por ele. Um homem que me amou imensuravelmente. Quando me via chegar do trabalho, quase noite, e correr para a cozinha, dizia: - filha, primeiro vai tirar essa roupa, vestir algo fresco; a gente espera.

Um documento que elaborei , teria que estar no dia seguinte na presidência da empresa, na capital, e sumiu. Cheguei em casa transfigurada, transtornada. Transportada para o porto seguro, ele quis saber, sabendo, e contei. Filha, vai dormir, amanhã ele aparece. Dia seguinte as gavetas continuavam no chão em meio às coisas reviradas e sacudidas. E lá, o documento sobre uma delas, naturalmente. Serenou meu coração.

O grande amor de minha vida sabia das minhas coisas, onde elas estavam, e a razão de estar, fossem elas palpáveis ou dos recônditos da alma. Sabia que elas trocavam de lugar com a finalidade de me acalmar. Sabia que elas podiam desaparecer, da mesma forma como surgiram e voltar, se fosse preciso . Sabia dos meus defeitos (e virtudes). Sabia tudo de mim, demais!

Tinha que escrever isto.


(A frase entre aspas que inicia o texto é da autoria de Clarice Lispector. A ela, o meu respeito e admiração)



(assim passei os dias 24 e 25 de dezembro/ 2012: pensando nele)
(e hoje, não está diferente, por esta razão reeditei o texto)