Pendores Literários

Não tenho pendores literários. Nos meandros que percorri a partir de 1933 (quando dei minha primeira aula de matemática), meus interesses intelectuais caminharam sempre na direção das chamadas Ciências exatas, e, se porventura alguma vez enveredei pelos caminhos da Semântica ou da simples gramática foi com espírito de crítica. Lembro-me da discussão que travei com um notório cultor do idioma pátrio, meu amigo Valquírio Pierati, aí por volra de 1940, sobre a questão do sinal de acento circunflexo sobre a letra "o" da palavra toda (naquela época se grafava tôda). Exclamava eu exaltado: como é possível que se julguem donos da lingua a tal ponto, que jogue fora a cultura greco-romana ao cancelarem os grupos ph, mn, th, etc...e passem a reverenciar o passarinho de Moçambique chamado "Toda" ("o" aberto)?! Mas o tempo passa...Hoje acho que a linguagem é o primordial conhecimento a burilar, e digo (dizia) aos meus

alunos a cada primeira aula de matemática:

"o segredo de estudar e compreender a Matemática é manter a linha que se lê agora LIGADA à linha que se leu imediatamente acima, e, para tanto, não há durante esta conexão nenhum exercício de Matemática e sim o exercício da Linguagem"

Até a próxima

Hélio Pitta

(pelas mãos de seus filhos Aurea e Sérgio)

Professor Rocha Pitta
Enviado por Professor Rocha Pitta em 14/08/2005
Reeditado em 14/08/2005
Código do texto: T42542