NESTA VIDA DE SANFONEIRO...

Bodas de ouro

Nesta vida de sanfoneiro, fui convidado para tocar numa festa de casamento, “bodas de ouro”, cinqüenta anos de vida matrimonial.

A família se resumia num total de 16 filhos entre homens e mulheres, sendo eles de origem do interior da Bahia. Só sei dizer que juntando todos os irmãos, e demais descendentes a casa ficou pequena.

Logicamente que foram preparados vários tipos de iguarias, mas prevaleciam os pratos típicos dos tempos em que moravam no interior da Bahia, e acrescentando outros tipos “miscelânea”, que foram agregados na capital paulista.

Era só alegria, eu tocando na sanfona e o velho casal dançando na sala. A família saboreando tudo o que tinha de direito. Pediram-me para ir até a cozinha saborear um leitão assado, mas na verdade era cabeça de bode, e assim foi.

A conversa rolava sem parar, o pessoal comendo pra caramba, enfim estava ótimo, e gente se lambuzando de tanto comer o leitão. Eu fiz um belo prato, um pouco de tudo, que saciei a minha fome.

De novo vamos tocar sanfona, agora eles queriam ouvir e dançar musica do “Rei do Baião”, e lá vou eu executando: Asa Branca, Assum Preto etc.

O filho mais velho pegou uma cabeça de bode no forno, botou dentro de um prato e foi degustando. Metendo o dedo no cérebro, saboreando os miolos, virgem Maria, socando o dedo também nas orelhas, e depois abriu a boca do bode, e quando vi aquilo, quase boto os bofes pra fora, tinha capim na garganta do bicho.

Em toda a minha vida, eu nunca tinha presenciado uma cena deste tipo.

Tangerynus
Enviado por Tangerynus em 24/04/2013
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