SENTIMENTOS E VIRTUDE

O homem, e somente ele, possui o dom do pensamento. Proveniente dessa faculdade mental consegue comunicar-se através de sons, gestos e símbolos, o que lhe permite transmitir ideias suas aos semelhantes ou ainda, captar impressões de pessoas que o cercam. Essa capacidade humana nos torna, portanto, capazes de impressionar outras pessoas ou nos deixarmos impressionar por elas, de forma mais ou menos intensa, na medida em que se estabelece entre os interlocutores uma maior ou menor aproximação e, derivado disso, uma sintonia de pensamentos e atitudes que, conforme a intensidade convencionou-se classificar como AMIZADE e AMOR.

Das duas classificações somente podemos cultivar de forma proposital a AMIZADE, que pode ser sincera ou por interesse. O homem, por ser racional, consegue disfarçar esse sentimento, fazendo-o parecer maior ou menor em relação ao outro ser.

A outra classificação de intensidade de relacionamento é o AMOR. Este, não obedece à racionalidade ou qualquer regra social. Acontece sem que possamos controlá-lo, embora tenha seu ponto de partida na aproximação e sintonia entre as pessoas e pode tranformar-se em algo mais forte ainda, a PAIXÃO. Esta, além de possuir todos os componentes do AMOR consegue modificar os hábitos, as convicções e a própria coerência do ser que se encontra tomado por ela. Outro efeito peculiar da paixão é que a mesma transforma as ansiedades que ela provoca em sofrimento físico, com o aparecimento de dores reais que em geral incidem sobre o músculo cardíaco, que se aperta e arde.

A grande diferença entre AMOR e a PAIXÃO não reside, porém na intensidade, mas sim na temporariedade. Enquanto o AMOR é duradouro e firme, a PAIXÃO é efêmera e se vai da forma que chegou, de repente. Curiosamente é o AMOR que deixa marcas indeléveis enquanto da PAIXÃO restam poucas lembranças que tendem ao esquecimento com o simples perpassar do tempo, e ambos (AMOR e PAIXÃO), se esvaem quando os interesses e sintonias deixam de convergir, por interferências externas.

O ser humano possui também, no recônito do seu ser uma capacidade latente. O sentimento do ódio, que é muito próximo do AMOR, na medida em que podem se transformar um em outro, de forma inexplicável.

Encontramos ainda no relacionamento entre os seres humanos duas sensações derivadas desses sentimentos (AMOR, PAIXÃO e ÓDIO), que é o CIÚME.

O CIÚME é pernicioso, pois compromete o relacionamento amoroso. É fruto da necessidade de dominar outro ser e traz uma profunda insegurança a quem está acometido por ele. Faz o indivíduo sentir-se inferiorizado acendendo o despeito, que por sua vez tem raízes no ÓDIO.

Por fim temos o PERDÃO que é mais que uma simples sensação embora seja mental. Ultrapassa em certo sentido a barreira da razão, pois conta com a interferência direta do coração, de tal forma que nos faz revelar ansiedades, frustrações e deficiências. Só acontece quando existe AMOR entre dois seres que se complementam e quando, por fraqueza de um, o outro parceiro, sendo superior em sentimentos, consegue praticar a sublime virtude de PERDOAR.

thiticobomfim
Enviado por thiticobomfim em 25/04/2013
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