Juntando infinitos

(Claude Bloc)

 

Finalmente cheguei de volta e descobri aqui o meu solo e a minha pátria. Aqui de onde me mantive exilada por tanto tempo. Aqui onde dei um nome de Serra à terra de que sou feita. Porque meus olhos um dia se perderam no mar onde nasci e agora voltaram pra cá renascidos... depois das tantas tempestades por que passei e de que, mais de uma vez, pude ser salva.

Porque os abraços da minha terra me resgataram. Neles desfiz minhas fronteiras num mesmo horizonte, juntando infinitos de céu e terra. Porque a voz da mata sempre me conta coisas, enquanto falo e ouço seus segredos e meus medos.

Porque sempre repito o nome de minha terra de olhos fechados, afundado nos sonhos que sempre tive... quando o ruído do mundo cessa, para que eu possa me lembrar só da sua voz dizendo o meu nome, bem longe de todas as outras coisas.

Porque minhas lembranças se escondem pelo chão, entre as pequenas coisas para que eu encontre os sentidos que me chegam e que eu supunha naufragados para sempre.

Porque eu já não poderia me entregar a mais nenhuma esperança, sem voltar a ser estrangeira em mim mesma, sem ser de novo uma estranha perdida atrás de meus próprios olhos, sem desertar para sempre da saudade que vivi...

Porque hoje sou novamente parte dessa terra, encravada nessa serra.