Equívocos futebolísticos que ninguém percebe mas que eu preciso dizer

Hoje foi o dia do segundo jogo da semifinal da UEFA Champions League™, que, como dizem por aí, é a Libertadores dos europeus. Em cada uma das duas chaves, dois times que são hype e que sempre são os favoritos para vencer o campeonato: Real Madris e o badalado Barcelona.

Pois bem, nenhum dos dois times passou pra final.

Como se não bastasse, perderam para outros times, menores, com uma grande diferença de gols.

Hoje eu vi a transmissão da Globo que, apesar de toda a rasgação de seda que teve para cima do time do Messi, se ferrou, pois certamente esperava transmitir os jogos do seu timinho favorito (todo mundo sabe que os favoritos daqui do Brasil são Corinthians e Flamengo, também pudera, os maiores times são mais audiência, logo, vendem mais patrocínio) incluindo a grande final, provavelmente contra o outro grande time, o Real Madrid.

Mas não, o final será entre dois times alemães que pouca gente ouviu falar.

O ponto do texto é o que veio enquanto os grandes times perdiam e os menores ganhavam espaço. Você com certeza ouviu, ou ao menos pensou, ou leu, algo do tipo "mas como pode, o Barça é um time grande, é favorito, já ganhou muitas vezes, é forte, como pode ele perder assim?". Ou qualquer coisa do tipo.

É o mesmo que ocorre com a seleção brasileira de futebol masculino. Só porque ela é pentacampeã e já foi a melhor do mundo, hoje amarga posições ruins no ranking da Fifa (até atrás da Croácia, que nunca ganhou copa do mundo alguma). Então, os brasileiros, dizem "que vergonha! Onde já se viu? O maior campeão do mundo em lugar tão baixo e a gente só perde, aff, DUNGA BURRO". É como disse Nelson Rodrigues após o Brasil ser bi-campeão e demorar muito para conquistar o tri - o brasileiro tem Complexo de Vira-Lata. Se já existia esse butthurt antes da copa de 70, imagina agora que a seleção é a única que mais copas mundiais tem na coleção. Não se pode ficar uma partida sem vencer que já se reclama, existe crise no futebol, etc.

"A gente só perde". A gente quem, cara-pálida? Eu não perdi nada.

Bom, você vê, o que existe no futebol, e em outros esportes, e que ninguém percebe, é que eles são feitos de momentos. Depois de ter lido O Andar do Bêbado eu entendi isso, e que, apesar de ser um livro meio sonolento, trouxe visões interessantes sobre como a aleatoriedade está presente em nossas vidas.

Eis a palavra-chave: aleatoriedade. Mais ainda: variáveis aleatórias.

Explico: um time não É bom. Ele ESTÁ bom. A seleção brasileira de futebol masculino ESTEVE boa, esteve ruim, passou duas décadas sem ganhar nada, voltou a ficar boa, ganhou as copas de 94 e 2006, e agora voltou a ser ruim de novo. É um ciclo, uma montanha-russa, um sobe e desce que fanatismo algum faz perceber. Porque pro torcedor, o time dele SEMPRE tem de ganhar, e o time dele É O MELHOR DE TODOS, mesmo sem ter vencido muitos títulos. E então, esses respondem: "eu não vivo de títulos, eu vivo de (inserir aqui o nome do time)".

Agora, é a sua vez, torcedor doente, entender: futebol é paixão, paixão é emoção e emoção não tem razão.

Portanto, não existe um time melhor do que os outros. Existe a paixão, que geralmente vem de família. Como a minha família não liga pra futebol, eu não torço pra time algum e consigo ser racional e enxergar essas coisas que botei no texto. Mas não, agora mesmo, no começo do jogo do Corinthians, cujo segundo tempo começou enquanto escrevia esse texto, agora mesmo o Cléber Machado, renomado filósofo e comentador de futebol nas horas vagas, ele disse duas coisas que vão a favor da paixão cega de que existem times que são melhores do que outros. Ele disse sobre o Corinthians que esse era um time muito forte. Errado. O time ESTÁ muito forte, já expliquei. E sobre o adversário deste, o Boca Juniors (que acaba de fazer um gol enquanto escrevo esta frase), ele disse: "o time [do Boca] tem uma camisa muito forte". Se camisa vencesse jogo o Mazembe não teria vencido sobre um time que era bi-campeão mundial à época. Tá, e que ainda o é.

Sabe o que é isso tudo que eu escrevi? É aquilo de que você aprende X e depois aprende não-X para então você poder compreender o que realmente X significa. Existe um nome bonito pra isso, mas que eu não lembro agora. Você enxerga os dois lados dos fatos para um melhor entendimento e reflexão sobre as coisas ao nosso redor.

De nada.

-G-

GaP
Enviado por GaP em 01/05/2013
Código do texto: T4269782
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