ÀS MÃES

Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
(...)
(Rosa, Pixinguinha)


          Não sem propósito, antecipo minha homenagem aos seres que aformoseiam este mundo com seu imensurável amor e ternura: as mães. O comércio escolheu o segundo domingo de maio como seu dia, contudo, para mim, todos os dias são dignos de celebração àquelas que carregam a vida em seu ventre e/ou coração, acompanhando as alegrias e dores de sua cria até o rompimento do cordão umbilical, com o ceifar de suas vidas.

          Por certo, não sei, nem nunca saberei o que é ser mãe; não carregarei um filho por meses, não sentirei os chutes do feto ansioso, as fortes contrações do útero, a dor do parto (embora a cirurgia cesariana tenha minimizado este sofrimento), muito menos amamentarei. Mas, como filho, percebo que na expressão de cada gesto materno exala-se um perfume tão rico quanto o alabastro que banhou Cristo; na manifestação dos seus sentimentos transborda-se um amor incondicional de um elo formado para a eternidade.

          Ressalto que ser mãe é um estado de espírito que ultrapassa a formalidade de parir a cria, e injusto eu seria se não mencionasse aquelas que abraçam seus filhos carinhosamente com a adoção, proporcionando o amor e um lar a crianças abandonadas por “falsas mães”, pelo Estado e pela vida. Mães adotivas são heroínas que escolhem amar e se entregar, oferecendo a proteção e o calor do colo materno; são mulheres que colorem histórias de vida fadadas a ser preto e branco.

          Destaco, ainda, que a orquestra das mães pode ser composta por membros das mais variadas espécies: avós, tias, irmãs, primas, madrastas, todas conseguem exercer a maternidade quando os percalços da vida surgem nas famílias. O carinho, amor, cuidado, preocupação e dedicação - se presentes - fazem brotar o infindável sentimento que habita no coração das mães; as agruras da vida são superadas, e o acalento materno toma novas feições.

          Dizem que ser mãe “é padecer no paraíso”, talvez seja por isso que a psicologia as atribua transtornos peculiares. Aponto dois exemplos comuns: a “Síndrome do Ninho Vazio”, quando os filhos saem de casa, deixando-a com sentimento de perda no peito, de algo incompleto no lar, tornando-a extremamente infeliz; bem como a inevitável “Síndrome da Falta do Chão”, quando a dolorosa morte inverte o curso natural da vida, deprimindo-a e deixando-a culpada por não estar no lugar do filho amado, perdendo a fé e o sentido para a vida. O gigantismo do amor materno é inexplicável, indecifrável - e nas situações mencionadas - sobrepõe a tudo e todos.

          Interessante é constatar que existem várias nuances de mães: meigas, duras, amorosas, liberais, conservadoras, superprotetoras, vaidosas, relaxadas, compreensivas, insensatas, sérias, brincalhonas, chorosas; todas com um encanto especial, feitas sob medida para os filhos. Do primeiro ao último olhar de contemplação da sua cria, as mães sorriem, choram, se alegram, sofrem, lutam, correm, suam, fazem e transformam a vida dos filhos, para além de suas possibilidades. Perdoem-me o clichê de mais um ditado popular, mas esta é a maior expressão do sentimento materno: “Quem a boca do meu filho beija, a minha adoça”, com o favo de mel mais puro.

          Assim, doces criaturas, escolhidas e abençoadas por Deus, tão lindas quanto às rosas que embelezam os jardins mundo afora, tão simples e belas quanto os lírios dos campos - celebrai todos os dias - pois são teus até que o Onipresente as chame para Lhe fazer companhia, brilhando no céu como uma nova estrela da pomposa constelação de: Mães.



(Imagem: Internet)
Robson Alves Costa
Enviado por Robson Alves Costa em 04/05/2013
Reeditado em 08/05/2013
Código do texto: T4273861
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