O bonitão da bala Chita

Falo o que penso, sem medo; minhas convicções são as mais acertadas; minhas posições, as mais retas; quem não concorda comigo está errado. Eu sei que pago um preço alto por ser audacioso, por ter a coragem de enfrentar esse rio caudaloso de ignorância e interesses mesquinhos que corta a nossa cidade, mas continuo meu caminho mesmo assim; meus interesses são os melhores; meus ganhos, os mais justos; minhas vitórias, as mais merecidas. Levanto-me contra as vozes discordantes, que são o erro; ergo meu estandarte de boas intenções, de visões de futuro, e caminho em meio à tempestade de injustiças e desaforos que me assola sem piedade.

Falo o que penso, e o que penso é o que tem que ser; os outros são incapacitados, despreparados para a vida, para a profissão que escolheram; eu escolhi certo, e tenho talento, sou bom; os outros são migalhas, não podem comigo; mas querem me destruir, porque sou o melhor; não me aceitam, atacam-me, atravancam meu caminho; querem meu fracasso, porque o meu fracasso é a vitória deles, de sua visão atrasada, ingênua... Coitados!

Ah, como sou bom, como sou bom...

Flávio Marcus da Silva
Enviado por Flávio Marcus da Silva em 05/05/2013
Reeditado em 05/05/2013
Código do texto: T4275478
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