SAIBA COMO DRÁCULA COMEMOROU O DIA DAS MÃES

Há um ditado que diz que mãe há uma só. Talvez! Há quem tenha mais de uma, duas, ou mais. O que importa? Há mães biológicas, espermatozoidicamente fecundadas pelo homem a quem se uniu; há as fecundadas fora de si mesmas; há as que adotam filhos como se filhos delas fossem e os perpetram como seus próprios filhos. Há mães com filhos feitos fora de hora, antes do tempo; há mães que decidem ser mãe, seja de quem os filhos foram. Há mães invisíveis aos filhos, mas sempre ali, presentes e impotentes a sofrer. Há mães incompetentes, más influencias que aos filhos seria melhor estarem ausentes. Há mães abandonadas com seus filhos, mas que fazem com que eles sintam-se orgulhosos, gratos e dignos de suas mães. Há, portanto, muitas outras mães; sejam elas em que circunstâncias tornaram-se mães.

Filhos, porém, nem todos nem sei quantos, não tratam das mães; das mais diversas mães, como as mães cuidam dos filhos; dos mais diversos filhos.

Em uma noite ainda fria do mês de maio, mesmo já sendo o início da primavera, Vlad Tepes, o valáquio Conde Drácula, recebe para jantar, em seu castelo na remota região da Transilvânia, na Europa Central, Jarvis Clearwater avô do jovem Seth Clearwater. Depois das delicias servidas, o anfitrião convida seu velho amigo Jarvis para fumar o mais perfeito charuto, o Montecristo e beber uma taça de Kischwasser, um delicioso conhaque alemão feito de cerejas. Acomodados em confortáveis poltronas na enorme biblioteca de 40 mil volumes, o conde Vlad, entre um gole do magnífico conhaque e uma baforada do incomparável charuto, indagou de Jarvis sobre que apreciação havia tido do jantar.

Jarvis Clearwater, procurando a melhor resposta, sorveu uma porção do Kischwasser, baforou duas vezes o Montecristo, observou a cinza que se acumulava equilibrada na ponta oposta do charuto, e respondeu:

- Tudo estava perfeito, meu caro Vlad. Sabores que se combinaram a cada prato servido numa crescente harmonia; vinhos de acordo e de excelentes procedências. Contudo, o que mais me deliciou foi a sopa servida na entrada desse lauto jantar em comemoração ao dia de nossas mães. Entretanto não pude identificar em detalhe os ingredientes que a compunham; alguns são de gosto pastoso e macio, outros, são granulados e crocantes que se misturam a um caldo expeço perfumado a jasmim, hora adocicado, hora levemente salgado. Uma sopa maravilhosa, mestre Drácula. Gostaria de experimentá-la uma próxima vez, se não for inconveniente esse autoconvite!

Drácula, admirado, ouviu com encantamento a descrição que Jarvis Clearwater fez dos sabores da sopa e da sutileza de detalhes que seu convidado observou. Antes, porém, de responder a pergunta de seu ilustre vampiro, levantou-se da “bergér” de couro javali, na qual estava elegantemente acomodado, e portando sua taça de conhaque,não de cristal, mas de chifre de unicórnio, que costumava criar no jardim, recostou-se airoso sobre o aparador da lareira e disse em tom solene, irônico e mordaz:

- Por que não, meu caro amigo! Jantaremos na próxima semana nesse mesmo mês de maio do Dia das Mães e com o mesmo cardápio. Todavia não tomarás a mesma sopa.

- Ora, mas por quê? - perguntou surpreso o velho vampiro.

- Dragul meu prieten, Jarvis Clearwater, mana pentru unul! – respondeu Vlad, o conde Drácula. Isto é: meu caro amigo Jarvis Clearwater, mãe há uma só!

Assim, Vlad Tepes, o conde Drácula e seu velho amigo vampiro Jarvis Clearwater, comemoraram, à letra, o Dia das Mães.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 11/05/2013
Código do texto: T4286142
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