Histórias da minha terra - A hecatombe - Parte II
O coronel
Oriundo de uma família de tradicionais cafeicultores do vizinho município de Brejão-PE, o Cel Júlio Brasileiro era um nobre. Homem polido, educado, com enorme facilidade para fazer amigos, aparentemente contrário a violência, embora costumasse fazer vista grossa aos desmandos dos partidários, bem como das arruaças provocadas por alguns parentes.
Como era comum à época, e hoje também não é tão diferente, guardadas as devidas proporções, a sua política favorecia aos que a ele se subordinavam, sendo os "inimigos políticos" tratados com mão de ferro e a ala dos indecisos, com severas ameaças a fim de que se decidissem.
A sua última eleição para prefeito, foi recheada de tensão, ameaças, ofensas de ambos os lados. Os seus correligionários costumavam "pintar" as paredes das residências dos opositores com fezes! Multiplicavam-se os textos respaldados pelo anonimato, acusando-o e destratando-o perante a opinião pública. Crescia o ódio a Salles Vila Nova, alvo principal dos homens do coronel, que viam nele o autor das denúncias agressivas e rancorosas.
Governou Garanhuns de 1911 a 1913 e, segundo consta, sua administração foi um desastre.
Em 1916, foi publicado no Diário de Pernambuco, pelo então prefeito que o havia sucedido, Francisco Vieira dos Santos, sua prestação de contas ao munícipio e nela fez mênção a um rombo financeiro muito grande, bem como o caos encontrado quando assumiu a prefeitura.
Com o declínio da Família Jardim, no poder desde 1895, o Cel Júlio Brasileiro desponta como a nova liderança na região.
Foi eleito deputado estadual para a legislatura de 1916-1918.
Com o perigo do retorno dos "Jardim" ao comando do cenário político na cidade, em virtude da dissidência do então prefeito Francisco Vieira com o coronel, e o apoio da família Jardim a ala dissidente que recebera a adesão de médicos de prestígio e comerciantes influentes, o grupo situacionista não conseguia enxergar outro político que pudesse fazer frente ao candidato da oposição, que não fosse o próprio coronel.
Assim, lançado candidato a prefeito, o mesmo consegue uma vitória clamorosa! No entanto, o Diário de Pernambuco publica a existência de fraude nas eleições, acusando o coronel de haver tirado títulos duplicados para que seus eleitores pudessem votar em mais de uma seção. Com isso, a eleição foi anulada e uma nova foi realizada, mas somente o coronel concorreu.
No entanto, o mesmo não chegou a assumir, tendo sido assassinado antes da contagem dos votos.
Próximo episódio: O crime do Café Chile
Publicações a respeito:
SANTOS, Mário Márcio de Almeida, Anatomia de uma tragédia: a hecatombe de Garanhuns-Recife, CEPE 1992.
CAVALCANTI, Alfredo Leite, História de Garanhuns, 2ª edição, biblioteca pernambucana de história municipal,18, Centro de Estudos de História Municipal, 1997, Recife-PE;
Jornais
A noite, Diário do Povo, Diário de Pernambuco
dentre outros.
O coronel
Oriundo de uma família de tradicionais cafeicultores do vizinho município de Brejão-PE, o Cel Júlio Brasileiro era um nobre. Homem polido, educado, com enorme facilidade para fazer amigos, aparentemente contrário a violência, embora costumasse fazer vista grossa aos desmandos dos partidários, bem como das arruaças provocadas por alguns parentes.
Como era comum à época, e hoje também não é tão diferente, guardadas as devidas proporções, a sua política favorecia aos que a ele se subordinavam, sendo os "inimigos políticos" tratados com mão de ferro e a ala dos indecisos, com severas ameaças a fim de que se decidissem.
A sua última eleição para prefeito, foi recheada de tensão, ameaças, ofensas de ambos os lados. Os seus correligionários costumavam "pintar" as paredes das residências dos opositores com fezes! Multiplicavam-se os textos respaldados pelo anonimato, acusando-o e destratando-o perante a opinião pública. Crescia o ódio a Salles Vila Nova, alvo principal dos homens do coronel, que viam nele o autor das denúncias agressivas e rancorosas.
Governou Garanhuns de 1911 a 1913 e, segundo consta, sua administração foi um desastre.
Em 1916, foi publicado no Diário de Pernambuco, pelo então prefeito que o havia sucedido, Francisco Vieira dos Santos, sua prestação de contas ao munícipio e nela fez mênção a um rombo financeiro muito grande, bem como o caos encontrado quando assumiu a prefeitura.
Com o declínio da Família Jardim, no poder desde 1895, o Cel Júlio Brasileiro desponta como a nova liderança na região.
Foi eleito deputado estadual para a legislatura de 1916-1918.
Com o perigo do retorno dos "Jardim" ao comando do cenário político na cidade, em virtude da dissidência do então prefeito Francisco Vieira com o coronel, e o apoio da família Jardim a ala dissidente que recebera a adesão de médicos de prestígio e comerciantes influentes, o grupo situacionista não conseguia enxergar outro político que pudesse fazer frente ao candidato da oposição, que não fosse o próprio coronel.
Assim, lançado candidato a prefeito, o mesmo consegue uma vitória clamorosa! No entanto, o Diário de Pernambuco publica a existência de fraude nas eleições, acusando o coronel de haver tirado títulos duplicados para que seus eleitores pudessem votar em mais de uma seção. Com isso, a eleição foi anulada e uma nova foi realizada, mas somente o coronel concorreu.
No entanto, o mesmo não chegou a assumir, tendo sido assassinado antes da contagem dos votos.
Próximo episódio: O crime do Café Chile
Publicações a respeito:
SANTOS, Mário Márcio de Almeida, Anatomia de uma tragédia: a hecatombe de Garanhuns-Recife, CEPE 1992.
CAVALCANTI, Alfredo Leite, História de Garanhuns, 2ª edição, biblioteca pernambucana de história municipal,18, Centro de Estudos de História Municipal, 1997, Recife-PE;
Jornais
A noite, Diário do Povo, Diário de Pernambuco
dentre outros.