MATAR O LEÃO OU MORRER? QUEM ESCOLHE É VOCÊ.


Um famoso ditado popular afirma que devemos “matar um leão todos os dias”. Contudo, para sobreviver nesta savana tupiniquim, creio que tenhamos que matar um bando inteiro. Descaso governamental na saúde, educação, segurança, violência crescente, desemprego, corrupção, crise na instituição família, promiscuidade escancarada; não é para menos que vivemos com um rifle nas mãos, prontos para atirar.

 

Os leões das mazelas sociais estão longe da extinção; pelo contrário, reproduzem-se em projeção geométrica. No Brasil, a criminalidade virou sinônimo de identidade nacional. Futuramente, seremos conhecidos como o páis do futebol, carnaval e marginalidade; os turistas alemães do Rio já começaram a divulgar esse slogan, e quando terminarem a Copa do Mundo e as Olimpíadas, provavelmente, o mesmo já estará consolidado.

 

O cidadão mediano acorda-se cedo para trabalhar e colocar o alimento na família, educar seus filhos, pagar suas contas, e ainda driblar os percalços da vida. Todavia, pouco é reconhecido pelo Estado, que manisfesta-se de forma negligente e insuficiente diante dos anseios sociais. O índice de desenvolvimento humano é baixo, a desigualdade altissíma. Neste país, vivemos entre os extremos da miséria e da riqueza faraônica, entre as favelas e os palácios dos políticos e empresários.

 

Escândalos de corrupção, desvio de verbas públicas, espetáculos dignos de um circo mambeme no Congresso Nacional, pretores da Corte Máxima de Justiça se digladiando com palavras e gestos, traficantes ditando regras nas cidades, pastores e ídolos do povão acusados de estupro; tudo isso compõe o cenário democrático desta República onde todos são presumidamente “iguais” perante a lei.

 

É bom ressaltar que o Governo ainda tem a “cara-de-pau” de dizer que o Brasil é um país de todos. Como poderia? Aqui, um homem furta um quilo de carne para alimentar o filho faminto, e até que seja beneficiado pelo princípio da insignificância penal (ou criminalidade de bagatela), já foi preso, apanhou da polícia, foi taxado de bandido e ainda deixou o filho com fome em casa ou na rua, esperando o pai para saciar sua fome. Enquanto isso, ladrões da merenda escolar (que deixam milhares de crianças com fome nas escolas), políticos que desviam verbas da saúde, segurança e educação, bem como os mensaleiros diversos, ficam praticamente ilesos, sempre vitimados.

 

Pagamos uma carga tributária altíssima - uma das maiores do mundo -, porém, não temos a contrapartida estatal a contento, e ainda corremos o risco de sermos pegos pela malha fina do Leão da Fazenda Nacional. Esse animal, não existe arma que consiga matá-lo, mas os grandes caçadores conseguem iludi-lo com maestria. Hoje, a prioridade estatal é divulgar programas de assistência social em mídias diversas, enquanto grandes problemas são camuflados, questionamentos relevantes não são levados à sociedade, e o clamor popular insurgido contra o Estado, basicamente, refere-se à violência (causada por menores ou não) e à igualdade de gêneros.

 

Infelizmente, vivemos numa sociedade hipócrita, falso-moralista, feroz. Logo, nessa selvageria, temos a opção de matar o leão ou morrer. E enquanto os ambientalistas não se manifestarem contra, a temporada de caça estará aberta. Nós - eternos sobreviventes - não deitaremos no berço esplêndido desta Pátria-Mãe desalmada, não esperaremos que os leões da vida nos devorem e enviem ao encontro da luz do céu profundo. Espingarda na mão, dedo no gatilho e olhos sempre atentos: esse é o lema.


OBS: Interage com o poema PÁTRIA-MÃE DESALMADA, de minha autoria.

(Imagem: Internet)

 

Robson Alves Costa
Enviado por Robson Alves Costa em 15/05/2013
Reeditado em 18/06/2013
Código do texto: T4292280
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