"Lembranças"...

...Eu a vi estava parada frente ao pé de manacá. O aroma de sua tristeza percorria todo o vale e deixava transparecer que a noite jamais iria chegar... Suas mãos, como brancas nuvens percorriam, suavemente os dedos por entre as mechas douradas que lhes caiam ao ombro.

De uma miragem á realidade, dois passos caminhara em direção ao pássaro que cantava, segurou-o entre as mãos, afastando-o do perigo que o rondava...

Para frente e para traz, como se numa gangorra estivesse, embalava o pobre pássaro que se mantinha bem quieto... Nem por mal ou de gosto, mas pelo instinto de proteger, segurava o coitado com um medo danado dele se perder...

Ela era assim, á todos desprendia cuidados, como ás flores de um jardim... Dos seus lábios cor de mel, as palavras tomavam corpo, as frases alcançavam horizontes e enchiam as creches de amenas bondades. Vestia a roupagem da delicadeza ornada com o desprendimento e jorros de sinceridade.

Seu colo acolhia os sem nomes, os sem idades. E no calor dos seus abraços muitos curavam de suas agonias, tristezas e desamparos. Nunca foi de dar conselhos, acreditava que no gesto estava o amparo e as almas emancipadas, conhecedora dos mistérios são luzes que guiam a humanidade. E sempre dizia: nada há melhor do que ser útil.

No silencio, debaixo do pé de Ipê amarelo onde meditava ,acreditava que todos deveriam ser donos de si mesmos; que o pensar requer muita vigilância para não deixarmos influencias exteriores afetarem nossos entendimentos e que o ideal de um ser que pensa, é a essência de sua imaginação. Em resumo: afastar da alma e do corpo toda miséria com serenidade, perseverança e muita calma, resolvendo e superando os acontecimentos os obstáculos sem desesperos ou afrontas. Pois neste mundo, não nos cabe julgamento das ações alheias, se estamos ocupados e envolvidos em sermos melhores...