Futebol também é campo para exercício da humildade

Parece, a nosso ver, que as torcidas e imprensa em geral, acreditam que humildade e atitude vencedora são incompatíveis.

Notamos isso ao observar os comentaristas de rádio e televisão, quando os jogadores estão apáticos no campo de jogo. Contudo, vaidade também pode gerar apatia. O sentimento de superioridade que despreza o adversário e, cega a visão do vaidoso, não raro, remetendo-o a estrondosa queda frente ao adversário.

Recentemente, há questão de uns dez dias, passei por um dos restaurantes dessa cidade com o intuito de levar para casa uma marmita que nos seria o almoço.

Enquanto aguardava o preparo da mesma que é feita individualizada de acordo com o gosto do cliente, conversava eu, com o proprietário do estabelecimento, pessoa de uma generosidade impar e, agradável companhia.

Aproximou-se de nós um rapaz de seus 20 anos e sentou-se próximo como se envolvido consigo próprio sem nos ter notado.

Imediatamente, meu companheiro de conversa, dirigiu-lhe uma pergunta para a qual não obteve resposta. Constrangido com a desatenção do jovem, apressou-se em explicar-me que era um dos jogadores do time local de nossa cidade.

Insistiu na pergunta, sendo agora mais objetivo e chamando-o pelo nome. Achei curiosa a reação do moço; olhou com certo desdém e respondeu com um monossílabo.

Percebi que meu interlocutor resolveu “deixar pra lá”, e retomou nossa gostosa conversa. Mas, eu não pude deixar de notar a atitude daquele rapaz e dos seus companheiros que chegaram posteriormente. Foram se sentando nas proximidades enquanto aguardavam o ônibus que os levaria de retorno ao estádio onde aguardariam pelo jogo de logo mais contra A Ponte Preta.

Nesse ínterim, algumas pessoas que chegavam ao restaurante para o almoço, tentavam puxar conversa. Notei que uma criança, menino de mais ou menos uns 6 anos, justamente com a camisa daquele clube de futebol, aproximou-se do rapaz a quem me referi anteriormente fitando-o como ser fora um deus, esperando decerto que lhe dirigisse o olhar. Nada! Friamente implacável.

Fiquei atônito. Quem eram afinal aquelas figuras que se revestiam de uma carapaça de virtudes? Eu não conheço nenhum deles. O que será que lhes passa na cabeça para esse comportamento? Perguntei-me!

Chegou minha marmita! A recebi e me despedi de meu companheiro de proza, retirando-me. Nesse momento, chegou o ônibus do clube e a rapaziada arrastou-se para ele.

A tarde, o jogo! Estrondosa derrota! Mais uma nos últimos dias. Após brilhante começo de campeonato, o clube local vem sendo derrotado por adversários considerados (por eles), muito fracos.

Será que a vaidade está pesando?

Mauricio Gonçalves de Moura
Enviado por Mauricio Gonçalves de Moura em 29/03/2007
Código do texto: T429862
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