O que vem depois do: “Felizes para sempre”?

Recebi agora à tarde um texto de uma jovem amiga, que a chamo de Chuchu, e assim ela o faz comigo. Eu a chamo de filha do coração. Mas, o que ela escreveu é de uma lucidez que me encanta. Esta jovem de 25 anos, não é qualquer jovem. Já está a caminho de doutorado.

Então, vou partilhar o que ela escreveu. Espero que gostem, porque ela é uma crônica inacabada, porquê ela está apenas começando a vida.

O que vem depois do: “Felizes para sempre”?

Por: Lucy Pina Neta[1]

O que define, realmente, uma mulher? As curvas de seu corpo? A suavidade de sua pele? Sua forma de sentir, de viver a vida? Não sei! É provável que todas essas coisas juntas digam um pouco sobre nos mesmas... É claro que estamos sempre querendo burlar o tempo, mas nem sempre é possível!

Agora eu começo a escrever um texto que se tardara muito em terminar, afinal apenas começo a viver a vida e, neste conto, ainda nem apareceu o príncipe encantado... Mas, em algum momento temos que começar... Então aí vamos!

Quando completamos 15 anos, o mundo parece mudar de cor... Estamos a uns poucos anos da tão sonhada maior idade. Deixamos para traz um punhado de bonecas e começamos a buscar o que pode levar toda a nossa vida... O tal príncipe encantado... E, aqui vale uma observação! Mães, ponham suas filhas para assistirem desenho de “menino”, porque eles são mais realistas do que os contos... Fala sério! Só nós mesmas para acreditar que o príncipe vai pular de um arbusto e nos salvar, ou quem sabe, lutará contra dragões e feiticeiras para nos levar para um castelo...

A realidade é outra! Nosso príncipe encantado recebe esse curioso adjetivo, eu creio, porque ele nos encanta de algum modo com seu cheio, seu jeito, sua voz, seu humor, sua personalidade, mas todas nós, aspirantes a princesa, já sabemos, desde os tempos idos de Cinderela que a meia noite todo o encanto se desfará, e voltamos a realidade... Seguramente, voltaremos ao estágio, ao trabalho, a rotina, a roupa simples do dia a dia, e com ele se passa o mesmo.

Ok! Voltemos ao que nos interessa, quando completamos 18! O mundo está por ser conquistado... Tudo parece plenamente alcançável, é só uma questão de tempo, e isso é que não nos falta... Entramos na Universidade, conseguimos nosso primeiro estágio e descobrimos que quando olhamos para o céu, o que vemos são nuvens! A bolsa de estágio é curta para o mês que é longo demais, a Universidade nos esgota com seu dinamismo e os quatro anos que, em média lá passamos são os mais lisos de nossa existência!

Saímos da universidade e temos um diploma! Não confundir com Contracheque! Aí vamos atrás do emprego, dos nossos sonhos... Aquele que nos dará o sapato sonhos, o vestido, as calças e camisas, as bolsas, o carro e o apartamento dos nossos sonhos. Nesse instante, dentro de nós, um alarme desperta.

É o bendito relógio biológico, aquele famigerado que despertou na 1ª menstruação. Vai começar a lhe perturbar novamente, dessa vez para pedir-lhe algo muito complicado, uma família... Isso com marido (a), filho (a), cachorro, sogra e todo o resto... Então, nesse mesmo instante, a princesa interior que você alimentou durante toda a infância escuta o som mágico do despertador e levanta-se, está disposta a ser sua guia nessa incrível jornada em busca do “príncipe encantado”, a tampa da chaleira, a metade da laranja!

Uiii... Esta é a etapa em que estou agora! Mas, as perguntas que me inquietam são: o que vem depois do felizes para sempre? Que cimento, liga, une um casal? Quando os anos passam e a pele não tem mais a mesma suavidade? As curvas já estão para serem sentidas? O que sobra?

Será mesmo que o amor é encantador! A ponto de tornar um reles mortal alguém ideal? Até quando?

Agora, preciso continuar vivendo e colhendo experiências para as próximas páginas...

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[1] Lucy Pina Neta é historiadora e mestra em Ciências da Religião. Pesquisa sobre bibliotecas pessoais e, como hobby, escreve sobre a vida cotidiana. E-mail: lucypina1608@gmail.com