A ESPIRITUALIDADE DA ENTREGA TOTAL:

Se tivermos consciência de que aqui estamos passando uma temporada, da qual só sabemos o ingresso, mas nunca a data do regresso. Se acreditarmos no regresso, ou seja, crermos firmemente que viemos e voltaremos da e para a verdadeira vida. Se crermos que somos espíritos reencarnados e que subsistimos a preexistimos e subsistimos a matéria, então teremos em DEUS o nosso referencial de EXISTÊNCIA.

Muitos dizem; “A vida é minha e dela faço o que bem me aprouver!”. Estes nossos semelhantes estão equivocados, confundindo livre arbítrio com pertença da vida. A vida não é nossa não, ela é uma concessão que Deus nos faz a fim de que aqui na Terra lutemos pelo nosso aperfeiçoamento, e aí vem outra confusão e outro estigma: Ser de Deus para muitos é ser “perfeito”, viver apartado das “coisas do mundo” e não cometer as mesmas ações que os “ímpios pecadores” cometem. Ledo engano plantado em nosso coração por milênios de distorção das palavras do Divino Rabi da Galiléia: Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo disse: “Que atire a primeira pedra quem não tiver pecado”. E o Apóstolo Paulo nos adverte: “Quem estiver de pé cuide para não cair!”.

Nossa labuta, então, é diária, se processando a cada momento, pois conversão não é algo instantâneo e não raras vezes, dura várias reencarnações a fim de se processar. Assim não fosse, nós não teríamos de retornar á Terra em novas existências a fim de quitarmos débitos pretéritos dos quais estamos, momentaneamente esquecidos.

Viver difere de existir, viver é buscar, viver é querer, é ir... Ir para onde? Ao shopping comprar o celular de última geração? Á uma concessionária comprar um automóvel top de linha a fim de nos sentirmos “gente”? Á uma festa, embriagar-se e sair dizendo impropérios, dirigindo tresloucadamente e debochando do nada que se tem dentro de si?

Não, nada disso é viver, e embora devamos trabalhar e lutar para termos uma vida confortável, e não obstante nada haja de errado tomarmos alguma bebida moderadamente com os amigos e buscarmos lazer e diversão, para viver temos de ter permanentemente a CONSCIÊNCIA DE DEUS EM NOSSAS VIDAS, e fazer deste dom uma oblação em favor de nossos semelhantes e da natureza que Deus nos deu. Não se preocupe você não precisa necessariamente fazer voto de castidade, vender tudo, dar aos pobres e viver como madre Teresa ou Irmã Dulce, pois cada um tem uma missão específica na Terra. A CARIDADE COMEÇA EM CASA, portanto, passe a observar em seu lar ou núcleo familiar quem é a pessoa que mais precisa de você... Qual é o parente mais necessitado, excluído, marginalizado...

Depois olhe em seu ambiente de trabalho ou de estudo... Sempre há alguém precisando de algo, e este algo nem sempre é uma coisa material, mas um sorriso, ou simplesmente um par de ouvidos para desabafar, ou um abraço, um sorriso, um aperto de mão.

Você já experimentou, por exemplo, ir comemorar o seu aniversário em um abrigo de idosos abandonados? Levar bolo, refrigerante, balões, lancheirinhas e cantar os parabéns para si mesmo lá?

Alguma vez lhe passou pela mente a ideia de juntar os amigos, conhecidos e afins das redes sociais e fazer uma campanha para o dia das crianças em um orfanato? Promover uma festinha para eles, com contação de estórias, brincadeiras de roda, sorteios... Isto também pode ser feito em uma destas casas que acolhem crianças para tratamento de câncer... Experimente e você verá que seus amigos são pessoas boas e solidárias, na maioria, e irão lhe ajudar.

“AS MÃOS MAIS POBRES SÃO AS QUE MAIS SE ABREM PARA TUDO DAR”, parafraseava o bispo vermelho, Dom Hélder Câmara, e ele falava daquilo que vivia e experimentava. A rede solidária é algo como uma teia de aranha, se você puxa, sempre haverá quem lhe ajude a tecer e saiba: EXISTE MUITO MAIS FELICIDADE EM DAR DO QUE EM RECEBER!

Isto é servir a Deus, isto é levar Jesus ás pessoas, isto é pregar a Boa Nova, isto é se santificar, isto é sair de si e ir ao encontro dos que mais precisam. Daqueles a quem você ajudará na certeza de fazer o bem pelo bem, sem tocar a trombeta e sem esperar recompensas.

Reze, ore, medite nas palavras do Mestre Jesus. Reserve uma parte de seu dia para alimentar seu espírito, pois ele precisa se nutrir do que é salutar e edificante, assim como a matéria exige de nós tantos cuidados a fim de permanecermos vivos e saudáveis.

É nestes momentos de oração que você se entrega nas mãos do criador, fazendo de sua vida uma oblação a ele, e não obstante você poderá fazer o mesmo estando em seu trabalho, no trânsito ou até ouvindo o desabafo de uma pessoa aflita. Nada nos impede de estarmos comungando a todo instante, ou seja, de estarmos elevando os nossos pensamentos a Deus.

Irmã Dulce dizia que no início de seu ministério pelas ruas e favelas de Salvador, as pessoas a questionavam se o lugar dela não era no convento, rezando, ao que ela respondia com sua voz mansa e fraca:

- Nada me impede de estar em contínua oração, mesmo em meio a todo o trabalho que realizo!

Que custa dispensarmos carinho aos animais? Não falo aqui daqueles que dizem:

- Eu gosto de bichos, mas eles lá no canto deles e eu no meu.

Não, eu falo de quem acolhe, ama, alimenta, acaricia... Até porque os animais são tão, mas tão puros que nos retribuem cem vezes mais, sem guardarem rancores nem ressentimentos. O mesmo se processa com a flora, será que já focamos nossos olhos e mentes para embevecermos nossas almas aos nos depararmos com as simples sianinhas que adornam as calçadas das metrópoles no alvorecer do dia?

A maior riqueza, portanto, é também termos consciência que de nada somos donos, mas apenas USUFRUTUÁRIOS, mesmo que tenhamos inúmeros bens registrados em cartório, no nosso nome, e lavrados em três vias, não passamos de usufrutuários, pois diz com sabedoria o adágio popular: “Caixão não tem gaveta e mortalha não tem bolsos!”. Ora, então do que realmente somos donos? O que realmente podemos levar desta vida? Muito simples e rico: Tudo o que tivermos feito de bom, e infelizmente de mau também, será isto que pesará na balança de nossas consciências quando deixarmos a carne. Ninguém nos roubará o que o estudo nos deu de bom, nem tão pouco o amor que cultivamos, as boas obras que fizemos, o bem que semeamos, as lágrimas que enxugamos, os sorrisos que provocamos, a esperança que espalhamos...

Esta é a vivência alicerçada na espiritualidade da entrega total... Nas mãos de Deus através da oblação de nós mesmos em favor de nossos semelhantes e das criaturas e seres que nos rodeiam. Afinal nos disse Jesus: “Vós sereis os meus amigos se seguirdes meus preceitos, amai-vos uns aos outros como eu vos amo!”.

Thomas Saldanha

Natal-RN 25/05/2013.

Thomas Saldanha
Enviado por Thomas Saldanha em 25/05/2013
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