Nos meus olhos

Nas linhas do meu caderno os mesmos versos são escritos,todos os dias,como para me lembrar de que posso mergulhar nos céus de estrelas e sonhos,e posso voltar,posso sempre voltar.Mas meus olhos de criança que me olham assustados pelo espelho sempre me pedem pra mergulhar e ficar lá,me pedem desesperadamente pra que eu fique e recolha todas as estrelas e sonhos possíveis para que quando eu voltar não seja tão dolorido encarar o mundo de novo.Meus olhos tem medo de que eu tenha medo,meus olhos tentam me avisar coisas que jamais entenderei.Gasto horas encarando meu rosto no espelho,na esperança de descobrir algo além das coisas que já sei,mas não descubro nada,as vezes só algumas olheiras.Meu rosto não parece mais meu rosto,encaro uma pessoa desconhecida,se é que já me conheci algum dia,mergulho dentro de mim mesma em busca de respostas,quero saber o que meus olhos querem me dizer,e saber porque eles me olham tão tristes,virei adulta,mas os olhos castanhos daquela criança que brincava de casinha continuam no rosto,agora mais largo,e com um pouco de medo,um pouco menos de alegria e coragem.Meu coração costumava ser como um jardim bem florido e colorido cheio de crianças correndo em volta das flores,a medida que fui crescendo as flores foram secando,o jardim ficou devastado e nenhuma criança quis visita lo mais.Meus tristes olhos querem saber quando as borboletas iram voltar.Eles não precisaram me contar desta vez.Consegui descobrir em mais um daqueles mergulhos que costumo dar dentro de mim ou pelo céu,nem sempre são divertidos,mas são necessários.

-As borboletas irão voltar as poucos,aos poucos. -disse meu coração para meus olhos,em uma conversa intermediada pela minha boca.Já não serão mais tristes esses olhos de criança.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 26/05/2013
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