Titia no paredão e ela não é o Alemão!

Rosa Pena


—A gente não vai à casa da Rosa hoje?
—Calma e calma! A tia não está podendo ficar com vocês, pois amanhã é o lançamento do livro novo dela... falou-lhes a mãe.

—Isso é festa?
—Lógico que sim!
—Que nem foi a do Marcelinho?
—Não. A dele foi um aniversário de seis anos, a dela é como se fosse um nascimento, um batismo.

Foram lindos de morrer pro tal programa, mas as caras depois de dez minutos estavam horríveis. Ainda tentei pegar no colo, ganhar beijo, mas nada de nada!
Consegui o choro do João e a birra do Felipe.
Ficaram brincando na sala “Travessinha” e ignoraram geral a tal festa da titia amada.

Ontem vieram aqui. Perguntei, de sem vergonha que sou, ao Felipe se tinha gostado. Pro João não adiantava, pois já tinha esquecido de vez, a quase vacina tríplice forçada.

—Eu não gostei e o Joãozinho odiou!
—É???
—Você não podia brincar, não tinha brigadeiro, seu livro é sem gravura, a gente não podia nem pegar nele, que dirá lançar!
— Não seja por isso. Barata voa?

O UI! nem chegou a gritar ai! quando voou do sexto andar até o térreo.
Em compensação meus sobrinhos reconheceram a tia de todos os dias, aquela que sempre vai preferir a sinceridade de uma criança a tão desejada, porém efêmera glória, de um momento.


Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 30/03/2007
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T431703
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