HAJA SUFOCO!

HAJA SUFOCO!

No dia do jogo do GALO contra o Tijuana do México, estávamos ensaiando a quadrilha para a Festa de Santo Antônio, junto aos demais casais de Calambau (éramos dezoito), quando aproximou-se o Moacir Paiva, também atleticano, e disse-me:- Murilo, vou falar com a mamãe que você está com medo do Tijuana. Daí a pouco a Dona Fiinha, que estava no Salão Paroquial assistindo aos ensaios, me chamou e perguntou-me:-Murilo você está com medo do Tijuana? Eu? De jeito nenhum, respondi. Muito bem! Disse a Dona Fiinha.

Após o ensaio fomos lá para casa, eu e o meu cunhado Carlos, para juntos assistirmos ao jogo. Iniciada a partida logo pensei: assistir esta partida ao lado deste cruzeirense secando a gente... No primeiro tempo sai o gol dos mexicanos ,vindo depois o nosso empate. No segundo tempo fui assistir ao jogo em outra televisão, longe do cruzeirense. Foi um sufoco total, o tempo não passava. Faltavam cinco minutos para o jogo acabar e o tempo parou. Parecia uma eternidade... Aos quarenta e sete minutos veio a bomba...Pênalti contra o Galo!

Pensei comigo, invocar algum Santo não resolvi. Haja vista o que o São Judas Tadeu aprontou com o Mirtinho. Naquele momento imaginei a situação de alguns atleticanos:

A Dóris Maciel pedindo a seus familiares que estão “lá em cima” que dessem uma ajuda...

A Isolda dizendo:- sacanagem!

A Bell Moreira roendo as unhas e sua mãe dando boas gargalhadas...

O Paulinho Celestino esbravejando:- agora fu...!

O Tadeu quebrando o violão...

O Jairo de Sérvulo exclamando:- rodamos!

O Claudinei do Bar do Yeyé, na Betânia (BH):- P.Q.P!

O Zé Romualdo Quintão (Zé Calambau ) dando um murro na mesa,quase quebrando a garrafa de vinho...

Como último recurso resolvi recorrer ao “Sobrenatural de Almeida”, figura criada pelo dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues. Lembrei-me de quando estudava em Pinheiral (RJ). Aos domingos eu e o meu primo e compadre Roberto Maciel Vidigal além de outros colegas, íamos até a estação para comprarmos os jornais “Jornal dos Sports” e “O Globo”. Os jornais eram vendidos em um dos vagões do trem que fazia Rio a São Paulo e que tinha uma parada de cinco minutos na estação de Pinheiral. O Nelson escrevia uma crônica esportiva no Jornal dos Sports e foi aí que ele criou o personagem “Sobrenatural de Almeida”.

Este personagem era citado quando aconteciam lances incríveis em uma partida de futebol. Para o Nelson tudo era obra do “Sobrenatural”. O Nelson era torcedor do Fluminense, assim como eu e o compadre Roberto. O famoso Didi que foi da seleção brasileira pertencia ao Fluminense. Um dia ele foi vendido ao Botafogo e em uma partida contra o Flu, no finalzinho do jogo o juiz marcou um pênalti a favor do Botafogo. Quando o Didi foi cobrá-lo ,o Jorge Curi, locutor da Rádio Nacional do Rio, anunciou:- o pênalti será cobrado pelo maior cobrador do Brasil e no gol está o melhor goleiro deste país! O Didi correu, deslocou o Castilho, bola para um lado e goleiro para o outro. Acontece que o Castilho levantou o pé esquerdo e foi o bastante para desviar a bola para a linha de fundo. Na crônica do Nelson foi obra do “Sobrenatural de Almeida”.

Voltemos ao jogo do GALO:cobrança do pênalti para o Tijuana. Ùltimo minuto do jogo. Ainda houve tempo de invocar ao Nelson:- Ô Nelson, ontem você descuidou do nosso Fluminense ( o Flu é o meu segundo time de preferência) mas hoje você poderia me emprestar o Sobrenatural para ajudar o GALO, afinal nós somos colegas tricolores...E não é que o Nelson atendeu o meu pedido! Como aconteceu na cobrança do Didi, o atacante mexicano mandou o Vitor para um lado e a bola para o outro.Tal como o Castilho o Vitor levantou o pé esquerdo e desviou a bola. No pé esquerdo do Vitor estava a mensagem do Nelson. Ele me atendeu...

Daí para frente foi só comemoração. Desci até a cozinha, esquentei uns torresmos, peguei o meu cuité de estimação, coloquei uma dose da cachaça Fazendeira e brindei mais uma vitória do GALO!

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Murilo Vidigal Carneiro

Calambau , junho de 2013

murilo de calambau
Enviado por murilo de calambau em 01/06/2013
Código do texto: T4320187
Classificação de conteúdo: seguro