PsiEscologia de Grades!

PsiEscologia de grades!

Chico Nascimento

Em visita a mais de 15 escolas espalhadas pelo Baixo-sul da Bahia, nos últimos 5 anos, constatei uma realidade lamentável. As escolas não são lugares atrativos, nem promotores da integração sócio-interativa, muito pelo contrário, revelam-se verdadeiros canais de encaminhamento para um mundo excludente, opressor e individualista.

O pânico de algumas crianças ao se defrontarem com a entrada da escola fechada por grades, cores fortes para lembrar o município, que lembranças, homens e mulheres que fumam e até pedem para crianças irem “ali na esquina comprar um cigarro Broadway”... Tudo muito normal e naturalmente incontestado por pais e mães que não tem outra opção nas nossas pequenas cidades.

O que fazer? Primeiro precisamos visitar esses espaços e, certamente, descobriremos que são pré-cadeias justificadas pela insegurança local. “Se não for assim, arrombam e levam tudo.” Tudo o quê? Seria possível levarem o mundo encantado das crianças? Furtarem as suas imaginações? Subtraírem as suas alegrias? Desprezarem o prazer de ser criança? Ensinar por mãos fortes, olhares adultos agressivos, gritos e ameaças de castigos, por certo, continuarão revelando a mágica do mundo externo repleto de violências...

Qual é a função da PsiEscologia? Invenção de escritor? Nada disso! Se não pararmos agora com essa blasfêmia de educação infantil para pequenos presidiários, logo colheremos adolescentes acostumados com grades! Muitos serão entregues ao provedor da ordem pública que acena ansioso para a redução da maior idade penal! Somos “educadores” carcereiros? Qual a instância da liberdade? As nossas escolas para crianças atuam pela emancipação? De quem? Estimulamos os nossos pequenos a entenderem e aceitarem grades como “livro” de proteção, as linhas aprecem na vertical, o cruzamento das linhas horizontais não é mera coincidência. Nos bastidores da nossa “educação” desfilam os projetos perfeitos de práticas rarefeitas. Resultado: “as insuportáveis” crianças continuam dando trabalho... e emprego, as grades sofisticam o diálogo e reconhecem a maior idade da nossa incompetência dialógica!

Chico Nascimento ou Magonleji
Enviado por Chico Nascimento ou Magonleji em 03/06/2013
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