Diário de Sonhos - #028: Vermes Gordos

"The darkest souls are not those which choose to live within the hell of the abyss, but those who choose to break free from the abyss and move silently among us". (Samuel Loomis)

Um dos sonhos mais intensos, bizarros e doentes que eu já tive. Nele lembro perfeitamente sensações não só de visão e sons, mas cheiro, toque e gosto.

Eu sonhei...

Sonhei que estava numa quadra de tênis com meu irmão, mas ele tinha só uns 4 anos. O céu era assombrosamente azul e limpo, mas não havia sol. Estávamos cada um de um lado da quadra, segurando raquetes, mas a bola era uma bola gigante de futebol, maior do que eu, e caía levemente como se fosse um balão cheio de gás. Então ela começa a murchar e meu irmão tenta encher com a boca, mas ele é sugado pra dentro da bola e começa a se debater e chorar. Eu rasgo a bola e tiro ele lá de dentro.

Meu irmão diz que vai pra escola, e eu lembro que eu também tenho que ir. No sonho eu não terminei o ensino fundamental, apesar de ter terminado a faculdade. Então estou fazendo a 8ª série de novo, mas não vou já faz 2 semanas. E o pior, teve prova na terça e na quinta e eu vou fingir que não sabia. É sexta e tem um trabalho de psicologia pra entregar. Não lembro o tema, mas eu fiz alguma coisa relacionado com queijo.

Coloco o uniforme e pego uma carona com meu pai de carro. Está chovendo. Quando chego na escola ela mudou muito. O que antes era apenas um prédio agora parece um enorme castelo (parecia muito com o castelo de Hogwarts, de Harry Potter). Ando pelos corredores, subo e desço andares, mas não lembro onde é a minha sala. Na verdade nem sei qual a minha série ou turma. Volto até o saguão principal onde tem um balcão de informações. O homem responde que não é ele quem sabe disso, mas a Dona Fifi (por algum motivo o som era Fifi, mas eu sabia que era escrito como Phoebe). O homem pediu que não contasse a ela que o encontrei, pois ele está no Parque Dom Pedro. Sei que a Dona Fifi está no Jardim de Infância e desço um lance de escadas. No meio do caminho encontro a Dona Ednéia (antiga diretora).

Bom, eu devo estar completamente xarope, porque o jardim de infância era um verdadeiro purgatório. Uma grande sala escura, revestida em todos os lugares por metal enferrujado, no chão, nas paredes e no teto. Numa das paredes há uma espécie de ventilador gigante, por onde passa a única luz, ainda que fraca. Havia carteiras podres e quebradas e crianças imundas e deformadas desenhando, cuspindo e batendo a cabeça contra as mesas. A sala tinha uma coloração vermelho escuro, como sangue seco.

Não lembro como era Dona Fifi, mas quando perguntei sobre minha série ela começou a me insultar. Então falou que sabia das minhas faltas, das provas que eu perdi e do trabalho sobre queijo gorgonzla que eu tinha feito pra matéria de psicologia, mas que ainda não tinha imprimido. Todos as crianças começaram a rir também. Ela me coloca numa cadeira e à minha frente coloca um gigantesco queijo gorgonzola sobre a mesa (no entanto ele tinha o formato de uma pizza). Ela mandou eu comer tudo. Comecei a comer e achei gostoso. Aí pequenos pontinhos brancos começaram a aparecer no queijo. Vermes. Inúmeros vermes. Senti algo se mexendo dentro da minha boca e tive vontade de cuspir, mas mordi e engoli. Dona Fifi disse que eu devia comer os vermes também. Peguei um e provei. Tinha um gosto horrível e continuava vivo dentro da minha garganta, não importa o quanto eu mastigasse. Enojado, fui comendo um por um. Aí aconteceu uma coisa bizarra. Como se tivessem acelerado o tempo e eu não pudesse me mexer, os vermes começaram a comer o queijo e engordar. Em poucos segundos cerca de dez vermes acabaram com um queijo de quase dois metros. E eles ficaram gordos e enormes, do tamanho da palma da minha mão. Dona Fifi disse que eu deveria comê-los. Peguei um. Era pesado, se contorcia de modo aflito, com se soubesse seu destino. Abri a boca o mais que pude, mas não dava pra colocar ele todo. Tive de morder um pedaço. Assim que apertei meus dentes o verme gordo explodiu, espalhando um pus amarelo-laranja pra todo lado. Fedia e tinha um gosto horrível. Os pedacinhos continuavam se contorcendo enquanto desciam pela garganta e eu podia senti-los se mexendo no meu estômago. Fui comendo um por um. Quando chegou no último eu acordei, felizmente acordei...

Renan Gonçalves Flores
Enviado por Renan Gonçalves Flores em 03/06/2013
Código do texto: T4323981
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