MINHA CARTA DE ALFORRIA
 
 
          Ontem, 03 de junho de 2013, comecei uma nova fase da vida. Após quase seis anos no serviço público, e três conciliando com a advocacia, desgastando-me física e emocionalmente, assinei o documento que me daria a liberdade tão almejada para alçar novos voos. Diferentemente dos escravocratas, a posse dessa liberdade pertencia tão somente a mim, e cônscio deste fato, sem medo, nem pesar algum, parti rumo a novas realizações profissionais. Assinei minha carta de alforria; agora sou um causídico em plenitude.
           
          Tomar decisões drásticas é algo extremamente complicado; por mais simples que pareçam, geram ansiedade, insegurança e medo do futuro incerto. Todos esses substantivos abstratos habitaram minha consciência por longos meses, até a consumação do ato minimamente planejado. Antes disso, perdi o sono, chorei, esperei e sofri bastante, afinal, sou um ser humano comum, em busca do meu espaço no mundo.
 
          A segurança do emprego público, para muitos é um sonho, ainda mais numa empresa como a Eletrobras, cheia de vantagens pecuniárias e incentivos à especialização profissional; hoje, nem tanto. Vivi esse momento em 2007, quando ainda na faculdade de Direito, e apenas 23 anos, ingressei nos quadros funcionais do Poder Executivo Federal. Os anos passaram e o emprego possibilitou algumas conquistas materiais; a formatura chegou e o diploma de bacharel trouxe-me novas expectativas. Minha visão do mundo havia se ampliado, passei no exame da OAB, queria mais.
 
          Em Junho de 2010, após a dúvida entre estudar para concursos e advogar, inaugurei meu escritório de advocacia; com grande júbilo iniciei a prática da profissão que tanto amo, ao lado de outro amor: minha namorada. Nesse ínterim, vivi sob a presença de muito estudo e trabalho. Infelizmente, a parceria profissional não deu certo, eu continuei com o escritório e ela partiu para os concursos públicos. Mas, o romance manteve-se firme até agora, direcionando-se para o casamento; pelo menos, assim esperamos. 

          Creio que todos nós tenhamos um momento em que as escolhas são fundamentais, imprescindíveis; não podemos acumular tudo que nos é ofertado pela vida, uma vez que nossos braços são pequenos para abraçar o mundo. Demorei muito para entender isso; atualmente, uma amiga de encontros semanais mostra-me o caminho do autoconhecimento: a psicoterapia. Antes disso, acumulei trabalho e mais trabalho, estudo e mais estudo, tive dúvida entre investir em concurso público ou mais na advocacia, não consegui concluir o mestrado em Direto Público na Universidade Federal (que tanto sofri e estudei para ingressar), entre outros problemas que são desnecessários apontar.
 
           Hoje, olho para trás e percebo que as passagens bíblicas onde se afirmam que "não cai um folha de árvore se Deus não permitir”, bem como que “existe um propósito para tudo e todos que estão abaixo do céu” são a mais pura verdade, e se aplicam perfeitamente em minha vida. Cada lágrima que já caiu dos meus olhos e cada gota de suor expelido por meu corpo foram indispensáveis para que eu tivesse uma mínima maturidade e experiência de vida, na certeza que muito ainda está por vir; tudo ao seu tempo.
 
          Com esse mesmo tempo, ganhei segurança e força para decidir o que é bom ou mau para mim; exercitei o livre arbítrio, certo de ter feito a melhor escolha. Quebrei as amarras que me enclausuram por anos, ultrapassei as barreiras da ansiedade e do medo, abracei a profissão que amo (com efusão) e sorri para o mundo que me espera. Permiti-me sonhar e me esforçarei para realizá-los. Não sou mais um escravo, sou o senhor da minha vida, com o vento da liberdade tocando meu rosto.


(Imagem: Internet)


 
Robson Alves Costa
Enviado por Robson Alves Costa em 04/06/2013
Reeditado em 06/06/2013
Código do texto: T4324719
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