da  série "ANDANÇAS"
A R A U C Á R I A S

27/06/2011


“Na vastidão de campos reduzidos à feno
seco,araucárias harpejam canções de outono"
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Se mil vezes eu trilhasse por estradinhas de pedras,mil e uma deixaria meu coração transpor o silêncio aramado das cercas,embrenhar-se campina à dentro e correr ao encontro delas.
Sob azulados céus que dizem-me de outonos sou ,por vezes,“piá do Sul” em festivas sapecadas ao redor destes troncos.
Estalam ainda nas lembranças ,os pinhões de minha infância.
Invernos bravios
 ...
A grama crespa de gelo,cerzida aos passos (em carreirinha) dos meninos da minha rua.
Depois...Fogueira aquecendo mãos,almas,amizades...
Outras vezes,sou lobo guará.
E destas ramagens elevadas em taças,embriago-me do licor dos luares.Lamento em uivos na minha boemia,a angústia da quase extinção da espécie...A ausência da parceira,a vida loba que prescreve –me tão somente luas e araucárias para noites de solidão extrema.
Refugio-me de quando em quando na imagem das curucacas.
E vou chegando de manso,num alar cansado ao final do dia.Albergam-me teus galhos,saciam-me teus frutos.Ouço ruídos de escuridões , desperto para novas alvoradas e bebo de tuas taças o orvalho fresco das madrugadas.
Tomo rumos novos e meu trinado pungente louva a renda de tuas ramagens.
Benditos caminhos estreitos deste meu chão a permitirem-me
a contemplação de tuas esguias presenças.Translúcidos céus incitando-me aos mais estranhos devaneios.
Não mais um menino,um “piá do Sul”,nem tanto lobo guará ou pássaro cansado...
Não!
Tão somente um sonhador,a extasiar-se ante a beleza agreste de tuas formas num bucólico recanto.
Pois que nestas tardes de anilados mantos...
A soledade dos campos fala-me do infinito da paz .E de teus braços franzinos harpejando ao vento ,ouço acordes de araucárias...Canções de outonos (outonos da vida) que fazem bem ao espírito,alimentam alma e coração.
Joel Gomes Teixeira