NOSSA, COMO RECORDAR TANTAS VEZES É BOM!

Conversando hoje com um amigo comecei a recordar minha infância. Aquele tempo bom que ficou pra trás. Guardo lembranças lindas. Nossa, eu subia na ponta de qualquer árvore pra buscar cigarras (que pecado eu cometia); nadava em rio, lago, ia me banhar em cachoeiras; roubava frutas nos sítios e tantas coisas mais. Era mesmo um verdadeiro moleque. Aprendi a pescar, a soltar pipa, a fabricar minhas próprias pipas.

Rodava pião, jogava bolinha de gude, jogava malha. Nem sei hoje em dia se alguém tem conhecimento deste jogo.

Mas também amava bonecas e as brincadeiras das meninas. Eram rústicos meus armarinhos e panelinhas, mas existiam. Muitas vezes nossos brinquedos eram fabricados com sucata, mas eram bonitinhos. Caprichos de mamãe. Minhas bonecas eram feitas de pano. Lindas bruxinhas que enfeitavam meu mundo.

Um dos meus locais preferido para brincar era um enorme galpão que tínhamos na chácara onde morava. De um lado ficavam as cabras, do outro os porcos, e bem no meio meus pais e empregados descascavam e debulhavam milho.

O resultado disso é que se amontoavam muitos sabugos e com eles construíamos castelos.

Guardo tanta coisa deste tempo. Tanta.

Minha irmã e eu detestávamos quando éramos obrigadas a descascar as espigas de milho. Dava-nos alergia o pó da palha.

Jamais contaria em qualquer crônica ou conto tudo que vivenciei neste lugar encantador que morei, mas volta e meia gosto de contar alguma coisa.

Até hoje se comenta na família como eu era arteira e como caminhava o dia todo pela terra buscando ninhos, descobrindo animais em tocas, fuçando em tudo. Até picada por um enxame de abelhas eu fui. Fato que quase me levou à morte. Mas nem assim eu aprendia, porque estava sempre a aprontar das minhas.

Sinto carinho pela menina que fui. Fui? Nunca a deixei morrer dentro de mim.

Tem horas que ela bate palmas com meus feitos. E noutras ela me puxa as orelhas.

A verdade é que esta menina nunca me deixa desanimar.

Ainda estarei a contar do lugar que nasci. Claro! Se guardo tudo no fundo d’alma como a coisa mais preciosa deste mundo.

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 01/04/2007
Reeditado em 25/03/2011
Código do texto: T433477
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.