A CESTINHA DE ACEROLAS

A casa parecia cada vez maior. Tudo ao seu redor tomou uma proporção imensa, assim como imensa era a saudade da filha Maria Pia que relutou, relutou mas abandonou a casa materna. Iria pro exterior completar seus estudos. Motivo de orgulho para a saudosa mãe, que estendendo o olhar para além do horizonte, procurava ainda ver, através dos olhos molhados, a figura frágil da filha amada.

O marido zeloso saia cedito pro trabalho. Engenharia Industrial. Não deixava faltar nada para Dona Celita. Procurava compensar a tristonha mãe e minimizar um pouco a dor causada pela distância da filha.

O tempo foi passando e vivendo apenas das lembranças de Maria Pia dona Celita procurou prencher um pouco sua existência. Pensou, pensou e notou que precisava sair, ver pessoas, vizinhas, amigas....mas e a sua timidez? e suas inseguranças? resoluta decidiu superar tudo isso e procurar consolo nas palavras amigas de Ana Célia, moradora do bairro.

Como era a primeira visita a residencia da amiga, preparou um cestinho com lindas acerolas colhidas no seu pomar. A recepção foi alegre e entre cuias de chimarrão o coração de Dona Celita foi ficando mais aliviado, pois além da troca de confidências a anfitriã lhe convidou para assistir uma palestra motivacional, no sábado seguinte. Na hora da despedida ao passarem pelo jardim Ana Célia colheu uma rosa vermelha e ofereceu à nova amiga que a colocou na cesta no lugar onde estavam as acerolas.....

E nós quantas vezes abandonamos a solidão, a insegurança os medos e saindo de nossa zona de conforto vamos à luta? quantas vezes, pegamos uma cestinha de acerola, fugimos da depressão, abandonamos a inércia e vamos a procura do nosso próximo, pois nessa hora estaremos fazendo o bem, mas sendo nós mesmos, com certeza, os maiores beneficiados...

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 11/06/2013
Reeditado em 12/06/2017
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