A Beira da nova Primavera

O nome primavera tem voltado à moda. Após anos esquecida, no fatídico episódio da primavera de Praga, as primaveras voltam a florescer e agora diferente da progenitora surgem de uma maneira quase que epidêmica. Hoje, ao abrir o jornal é difícil não se deparar com alguma matéria que envolva os atuais conflitos no mundo árabe. Desde o ato de atear fogo ao próprio corpo, cometido por um jovem tunisiano, como forma de protesto contra as condições vigentes em seu país, o mundo passa por um efeito dominó. Egito, Líbia e a própria Tunísia tiveram seus governos depostos, após uma onda de manifestações; mas isso é notícia velha. No embalo desta dança está à Síria de Assad que luta contra os manifestantes, que a exemplo das nações que atingiram seus objetivos, há dois anos vem buscando seus direitos. E para fechar, o mais recente palco deste louco circo de conflitos é a Turquia, país de destaque no mundo árabe.

Motivados pelas péssimas condições de seus países, cidadãos comuns passam a se organizar buscando seus reais direitos. Voltaire já dizia que o poder emana do povo, frase que está presente inclusive na nossa constituição, mas, até então, parecia ignorada por uma grande maioria.

Nos últimos dias, os mais diferentes noticiários transmitiram o caos do protesto pelo aumento das tarifas de ônibus e metrô. Ou melhor, podemos dizer que nos passaram um dos lados desta história. O lado que mais os convém, é claro.

Dizer que todos estes manifestantes são um bando de baderneiros é errado; esses, lutam pelos direitos de pessoas que levantam antes do sol nascer, e que saem de seus afazeres, quando o mesmo já se pôs. E, após de um exaustivo dia de trabalho, assim como sardinhas em lata, encaram um transporte público lotado que mal consegue suprir suas necessidades. Escutei muitos dizerem: vinte centavos não fazem falta. Concordo, quando acompanhado de melhorias neste transporte; só que não é isso que se percebe. O governo cada vez mais mama no dinheiro do povo e nada nos oferece.

Em um cálculo rápido, sabendo que o metrô e ônibus só de São Paulo transportam cerca de 3,3 milhões de passageiros por dia, multiplicado por 0,2 centavos geraria para aos cofres públicos, em média, 660 mil reais. Isso em um dia. Em uma semana descartando o domingo, obtêm-se cerca de 4 milhões.

Uma das faces da campanha política do atual prefeito Fernando Haddad era essa: não aumentar a tarifa dos transportes públicos, investir em qualidade, criar até o bilhete único mensal (que parece ter sido esquecido após a eleição). Vemos como tudo muda após o voto. Geraldo Alkimin também não fugiu desta linha. Aliás, o país todo está em manifestações por esse mesmo motivo. E, a senhora dona Dilma, como fica agora? Bom, já se sabe que transportes não será um dos pontos positivos de sua campanha ano que vem.

Mesmo com tudo isso, muitos dizem que tais ativistas não deveriam usar-se de meios de vandalismo para manifestarem-se. Concordo. Vandalismo não leva a nada, mas não invalida a causa.

Meu professor comenta muito, que nós estudantes de hoje fazemos parte de uma geração parada, onde assim como vacas de presépio abaixamos a cabeça para as decisões de uma classe dirigente. Quem é mais jovem não viu os caras pintadas e muito menos os protestos pelas diretas, ambos os fatos que só se encontram presos em livros de história. Agora, essa mesma história, passa a ser escrita, por um povo mais ativo, que luta por aquilo que quer. Abre alas para a próxima primavera. A primavera que desta vez não está no oriente, mas está aqui. E, passa a ser concretizada com as nossas próprias mãos

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 14/06/2013
Reeditado em 15/06/2013
Código do texto: T4341749
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