A POLÍCIA QUANDO BATE,GOZA!

Estarrecedor não é a polícia bater. É ela só bater em inocentes. Prestem atenção. Alguém já viu a polícia bater em bandido? A polícia bate em manifestante, estejam eles certos ou errados; reivindicar será sempre justo. Seja lá o que for, a reivindicação sempre será um direito que ninguém, menos ainda a polícia, pode nos tirar. Nem a pau.

Desconheço parte do mundo onde a polícia não bata; se com ou sem violência, isso é o que menos importa. Como justificar a não violência ao bater? Mas justificam os responsáveis pela violência da polícia, raciocinando com o intestino grosso. Bater sem violência é uma vigarice intelectual; é uma retórica canalha.

Mas a polícia bate porque toda a polícia bate; aqui, ali e acolá. Nada de surpreendente. O que é estarrecedor é que a polícia sente prazer em bater; sente a adrenalina correr junto com o sangue até atingir o orgasmo mental. E quanto mais bate mais prazer sente, mais excita a adrenalina, maior o clímax do orgasmo. A polícia goza quando bate.

Prestem atenção na cara da polícia batendo em São Paulo, nesses dias de pau e de balas de borracha.

A polícia com cara de ódio alheio, sem causa, sem motivo, sem saber em quem está batendo, tomada de ódio prazeroso ela bate e goza.

Já assisti muitos conflitos entre a polícia e manifestantes reivindicando. De alguns deles participei e corri pra não apanhar. Vi gente apanhar. Pertenço a uma geração do “todos por um e um por todos” e por décadas observo a geração do “cada um por si” encantada com a utopia do PT, cuidando apenas de ser “competitivo” e “politicamente correto”. Agora há uma nova geração que vai às ruas das cidades para reivindicar protestando à maneira dos jovens de todas as épocas. O país está caminhando para uma situação econômica assustadora - que minha geração conhece muito bem - sobretudo porque o povo brasileiro já está acostumado a uma estabilidade que se iniciou no governo de Itamar Franco com o Plano Cruzado, sob o comando do então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso – e não com Lula que faz crer aos desatinados que desde o “achamento” há pouco mais de 500 anos o Brasil “bom” só começou com ele. Os insatisfeitos não são mais os operários nem os pobres e desvalidos de outrora, hoje “protegidos” por bolsas de esmolas, e nem os ricos (nada contra a riqueza) e bem postos na vida e na igreja; são da classe média, baixa ou alta, não importa. Da classe média liquida e certa e não dessa nova inventada, uma trapaça estatística, uma impossibilidade física (ou metafísica) já que dois corpos ou ideias, não cabem no mesmo lugar. O Movimento Passe Livre, que nasceu em um acampamento do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, realizado em 2005, não protesta contra o aumento de R$ 0,20 no preço da passagem dos ônibus da cidade de São Paulo, uma “merreca”, como disse sem entender o motivo de tanta “confusão” ao voltar ao Brasil, um certo Agnaldo Silva. Nem ele, um escrevinhador de novelas da Rede Globo, essa máquina de produzir alienados, nem o Governo em seus três níveis. O MPL reivindica a abolição total da tarifa de ônibus urbano; que seja subsidiada pelo Estado e que esse dê Passe Livre à população, entre outras ideias anarquistas e de extrema esquerda. Anarquista não no sentido lato da palavra, porém como filosofia política de teorias e de ações e métodos que eliminem toda e qualquer forma de governo obrigatório, imposto – ausência de coerção e não de ordem - porque é possível e desejável, haver uma sociedade sem Estado e sem governo. Uma utopia, certamente, abandonada desde os idos de maio de 1988 com estudantes jovens protestando pelas ruas de Paris na França. O presidente de Gaulle refugiou-se na Alemanha e mandou a polícia ao Quartier Latin bater na gurizada. E a polícia bateu com muito mais violência do que batem as nossas PMs. Baderneiros, aproveitadores, vândalos, marginais e gente desqualificada infiltram-se em todos os movimentos sociais, torcidas de clubes de futebol, partidos políticos, igreja; os vândalos, palavra repetida exaustão pela mídia brasilina, estão em todos essas organizações.Um parlamentar que aceita propina vandaliza a democracia, um padre-ou um pastor-pedófilo vandaliza a religião, o torcedor que mata um outro do time adversário vandaliza a família da vítima, um hacker que manda um vírus vandaliza meu computador. Protestos e reivindicações populares não ordeiras e pacíficas como desfile de escola de samba,parada gay ou procissão seja lá de que santo for. Não sou a favor do vandalismo, como se pode enter,mas enfatizar apenas o vandalismo dos protestos, como faz a midia brasulina é vandalizar a minha inteligência. O MPL em São Paulo, com núcleos organizados nas principais capitais do país, o Fortaleza Apavorada na capital do Ceará, o Movimento dos Sem Teto Brasil afora, e outros tantos mais em Porto Alegre, Curitiba,Brasília,Goiânia, Rio de Janeiro,Belo Horizonte, e outros em hibernação, estão ocupando as ruas dizendo basta. Não queremos mais esse tipo de sociedade tutelada por um Estado corrupto, com Justiça injusta, Legislativo de coalizão cooptado, farsa democrática, submundo de um Estado de Direito. Somente hoje, porém, vendo fotografias da polícia batendo é que entendi por que ela bate. Dá prazer. A polícia quando bate, goza.

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 17/06/2013
Reeditado em 21/06/2013
Código do texto: T4345274
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