Um velório

Um velório acontecia na periferia de uma cidadezinha interiorana. Os funerais numa capela recém construídas e dentro de um antiguíssimo cemitério. Alguns membros de minha família e eu fomos chegando, pois o defunto era gente conhecida, como de costume, estávamos silenciosos, cabisbaixos, num sinal de respeito ao falecido e seus familiares.
Ao entrarmos no recinto funeral, fizemos o costumeiro sinal da cruz e ficamos um tanto surpresas e atordoados com a imensa balbúrdia dos que já se achavam presentes. E tantos eram os assuntos que se mesclavam com os sorrisos que já não sabíamos a quem dar os tradicionais e nem sempre sinceros pêsames.
Encontramos algumas cadeiras desocupadas ali sentamos, para rezar não era possível. Então ficamos observando os assuntos que mais se evidenciavam. Entre os homens, eram: as carreiras, futebol, as marcações e a saúde dos respectivos vizinhos enquanto as mulheres se atinham em falar sobre como estava a vida de suas comadres e vizinhos, da moda, de artesanato, das receitas culinárias e de chás, simpatias, etc. E o falecido estava ali estático, frio frente a tudo e a todos. Apenas era o adorno central da sala de bate-papos. O chimarrão passava de mão em mão até que um determinado momento alguém se indignou e me convidou para rezar e assim daria um fim àquele espetáculo parlatório. Levantamos e, com voz alta, convidamos o pessoal para rezar... Foi como se tivéssemos colocado água fria na fervura. Todos calaram e rezaram conosco. O clima se transformou num segundo, mesmo contrariando alguns eufóricos nos assuntos. Então, o dito velório passou a ser um momento de oração e reflexão. Creio que o defunto lá de onde se encontrava, com certeza, agradeceu!
 


Juraci da S Martins
Enviado por Juraci da S Martins em 17/06/2013
Reeditado em 24/06/2013
Código do texto: T4346196
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