SENTIMENTO NACIONAL

Estes últimos dias fizeram-me duas perguntas, as quais me levaram a compartilhar os meus pensamentos por meio da escrita. Essa é a melhor maneira que encontrei para refletir sobre algo ou sobre mim mesmo.

A primeira pergunta foi a seguinte: “pai, o que o senhor acha da política?' a minha resposta foi imediata. Respondi ao meu filho que a POLÍTICA DEMOCRÁTICA é linda, o problema está na POLITICAGEM DOS POLITIQUEIROS.

A segunda pergunta foi de um grande amigo: “qual a sua posição, como Adventista do Sétimo Dia, quanto ao momento histórico que estamos passando”. Ele estava se referindo as passeatas e a manifestações que estão ocorrendo por todo o Brasil, inclusive na nossa amada Belém do Pará. Essa pergunta foi como um soco na “boca” do estômago, que nos deixa sem fôlego. Sem fôlego ninguém consegue falar e muito menos raciocinar.

Ao recobrar-me, no entanto, do impacto sofrido pela pergunta, comecei a tentar organizar o caos em que meus pensamentos fragmentados encontavam-se. Deixemos a política de lado e partamos para os meus pensamentos e julgamentos particulares, lembrando que em qualquer situação, eu, cidadão brasileiro nato, tenho o direito de apropriar-me do princípio do livre convencimento, diante dos fatos ocorridos, ainda que minhas conclusões choquem-se com as de outras pessoas. Isso é completamente natural, já que as outras pessoas também podem valer-se do mesmo princípio que me estou valendo.

Pois bem! SOU CRISTÃO, sim. Fato este que me faz ponderar e ser temperante nas minhas decisões, não obstante, vez ou outra, meter os pés pelas mãos. O momento pelo qual estamos passando não é pontual e imperceptível. É um momento nacional. E é exatamente por isso, ou seja, por ser um movimento nacional, que meu espírito está contagiado. A constelação do sentimento nacional transforma-me. Infelizmente são poucos os momentos que isso acontece. Na realidade só consigo me lembrar de dois momentos: a Copa do Mundo (quando a seleção brasileira está jogando) e o período de eleição para a escolha do Presidente da República. Talvez seja por isso que o conceito de nação seja puramente sociológico. Sahid Maluf, em seu livro intitulado Teoria Geral do Estado, ao falar sobre nação, diz que “O clima, a alimentação, a água, o próprio cenário geográfico no seu conjunto se encarregam de esculpir a alma e o corpo dos elementos humanos, imprimindo-lhes caracteres psicofísicos comuns que identificam uma raça e configuram uma personalidade coletiva. A homogeneidade do grupo cria aquela SOLIDARIEDADE DOS SEMELHANTES, um PARENTESCO ESPIRITUAL, determinando uma sólida comunhão de ideias, de sentimentos e de aspirações”.

As manifestações e passeatas que estão ocorrendo provam a veracidade de tal afirmação citada. Essa SOLIDARIEDADE DOS SEMELHANTES, esse PARENTESCO ESPIRITUAL são determinantes para que apoie e participe, ainda que indiretamente, todo esse movimento SOCIAL E APOLÍTICO.

Eu, antes de ser Cristão, sou humano. E como humano, sou passível de ser influenciado e motivado pelas circusntâncias que afetam a minha família, a minha parentela, o meu bairro, a minha cidade,e não poderia ser diferente com a nação, a qual pertenço.

A cada dia, ao chegar em minha casa, em que ligo a televisão e vejo cenas de jovens brasileiros lutando por um país melhor, com mais investimentos na segurança pública, mais invenstimentos na saúde pública, mais investimentos na educação pública, enfim mais investimento na nação brasileira, mesmo que isso lhes custe ser tolido pelo aparelho repressor do Estado, mesmo que isso lhes custe cicatrizes em seus corpos, que talvez, em alguns, nunca mais se apagarão, não tenho como não compactuar com todos aqueles que sairam da zona de conforto e foram às ruas do Brasil e lá gritavam a pleno pulmões “VEM PRA RUA, VEM PRA RUA”. Esse grito de guerra, que para mim é um grito de PAZ, faz-me autonomear-me um manifestante.

A junventude de hoje fez renascer em mim um sentimento há tempo adormecido, desmotivado e desacreditado: o sentimento da esperança e da confiança em um país digno, em uma política sem politicagem, em uma distribuição de renda justa. Os jovens de hoje estão de parabéns pela coragem, ousadia, motivação e força. Não poderia terminar este texto sem deixar uma mensagem especial a todos os jovens brasileiros: “Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes” (1 João capítulo 2 e verso 14).

Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 21/06/2013
Reeditado em 21/06/2013
Código do texto: T4351841
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