É...
O silêncio deixou de ser a regra social. Como já se anda divulgando por aí: "Jogaram Mentos na geração Coca-cola". Tudo iniciado por R$ 0,20, a tal gota d'água cantada por Chico. Anos a fio, equívocos ininterruptos, apatia generalizada, conformismo instalado... Acostumamo-nos com o conceito ínfimo de que o exercício da cidadania limitava-se ao voto - muitas vezes não consciente. Nossa instituição governamental está ferida, marcada parte pela inaptidão, parte pelos erros passados, parte pela amorfa forma em que conduzimos nossa democracia. Precisou alguns centavos, alguns corajosos, para que o cenário fosse refletido, expondo "o que a gente esquecia".
"Sem violência", foram os gritos que ouvi. O clamor embebido de cansaço, buscando encontrar um meio de chamar a atenção, de recriar-se um elo enfraquecido pelos escândalos: Sociedade e Governo. O que parecia ser um ato isolado, espalhou-se. O país quietude contagiou-se por um sentimento novo, um orgulho nacional esquecido. Levantou-se como nação em sua completude. Talvez os pedidos sejam múltiplos e desorganizados. Verdade seja dita, o silêncio durou tempo demais.
Quais os efeitos destas ações no futuro? Não consigo prever. Torço, no entanto, para que esta força questionadora persista, fugindo do esteriótipo de "massa que passa nos projetos do futuro". Minha torcida é pela inteligência de argumentos, pela sabedoria nas manifestações. Hoje escuto as palavras de Gonzaguinha com mais corpo, mais significância: "A gente quer viver uma nação; A gente quer é ser um cidadão".