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Protestos: a qualquer custo, de qualquer jeito e por qualquer coisa...


Acabei de chegar de Porto Alegre, ficamos mais de uma hora barrados no trânsito graças às manifestações na BR na saída de Porto Alegre. O que vi assustou-me um pouco... Também já estive nas ruas, já participei de muitos protestos. Protestos com objetivos claros, com organização e respeito e não o que vi, um protesto onde qualquer coisa é o válida, corre o risco de cair na banalização do ato de  protestar. Espero não ser este o caráter geral deste movimento, mas manifestação cidadã, como quero crer... 
 
Pois o que vi não melhora em nada a sociedade que temos, ao contrário deprecia o jovem e o momento histórico... Presenciei de pertinho gritos de guerra com palavras de baixo calão, gestos obcenos, jovens com garrafas de wodka bebendo e trancando o trânsito, usando máscaras ou cobrindo o rosto com camisetas, incitavam as pessoas... enfim, consegui observar o que preferia não ver e, fiquei deveras preocupada...

Durante o dia, andando por Porto Alegre, vi muitos muros pichados com símbolos de anarquia, lojas com sinais de violência e questionei o que as pessoas estavam pensando sobre, o mais triste, transparece o medo, a descrença e a tolerância está no limite, além disso ninguém tem um parecer a respeito, todos preocupadíssimos, nervosos... 

A rotina mudou na capital. Nos contaram que deixam o trabalho uma hora mais cedo, para tentar evitar os transtornos do trânsito, (o que hoje não adiantou). Nos disseram ainda, que assemelha-se a um clima de guerra pela insegurança e intranquilidade. Os lojistas meia tarde já estão colocando tapumes para proteger seus estabelecimentos e fechando as portas para evitarem os saques...   

 
Também conversei com jovens estagiários a respeito, alguns indignados por estarem perdendo aula, taxaram os manifestantes de anarquistas que estão provocando um caos social, diante do qual vimos os PMs sem atitude, apenas observando e andando de um lado para o outro...

Então há que se pensar, quais as medidas a serem tomadas. É preciso ouvir as ruas sim, mas é necessário que estas vozes sejam de respeito e uníssonas em suas reivindicações, pois assim como possuem um conhecimento fragmentado da sociedade, também suas vozes são fragmentos...

E, se julgam-se no direito de tomar as ruas, lembremo-nos que existe outra parte da sociedade que tem os mesmos direitos e necessita ser igualmente respeitada. Aí se o governo não tomar uma atitude para conter essa gurizada, será julgado como relapso e omisso, por não defender os direitos dos que querem continuar com sua vida normal, se tomar a atitude de limitar, será apontado de arbitrário, antidemocrático e punitivo, que coibe e faz repressão à manifestações...

Ou seja, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega... Precisamos buscar uma solução coletiva que ponha a saudável convivência da vida em sociedade, acima de qualquer coisa... afinal, está claro que a vida quer movimento, do contrário, os cibernautas continuariam apenas teclando nas redes sociais...
Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 24/06/2013
Reeditado em 25/06/2013
Código do texto: T4356958
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