Beija-flores, os príncipes das nascentes

O Príncipe das nascentes

Beija-flor é o nome vulgar, pelo o qual se conhece a numerosa família dos Troquilídeos. São exímios voadores, diminutos, graciosos e espertos. Provocam grande admiração aos apreciadores da avifauna brasileira, mas quem pensa que só se alimentam de néctar, pode se decepcionar ao saber que formigas, aranhas e alguns insetos minúsculos, que habitam o interior das flores, formam o cardápio preferido por eles. Isto mesmo, são predadores. Alguns naturalistas antigos, já diziam isso, entre eles Eurico dos Santos em seu livro, "Da Ema ao Beija-flor" (1938); que escreveu: "Por encontrar no estômago dos beija-flores muitos aracnídeos e não néctar creio que estes sejam o principal alimento deles. Não se pode negar, que sejam loucos por doces, mas apenas como guloseimas. Os aracnídeos incapazes ainda de caçar, estes sim, se alimentam de néctar, ficando escondidos no cálice das flores ou entre as pétalas, de onde beija-flores os capturam".

Mas isso não tira o fascínio em observá-los na primavera de flor em flor, voando entre os Ipês Amarelos de uma alameda deles que existe na rua onde moro. Anualmente quando florescem, não economizam beleza aos olhos, nem encanto aos corações apaixonados. O bom gosto para admirar coisas belas, infelizmente não está disponível à todos, alguns acham que as pétalas caídas sujam as ruas.

Porém não raro, encontramos ninhos de Troquilídeos, com filhotes bem menos bonitos que seus pais, ensaiando sobrevoos desengonçados, porém, graciosos, para saciarem a fome nas flores do próprio galho que lhes servem de berço. Nos dias de calor, esticam um pouco mais suas aventuras, até as nascentes que outrora formavam o Lago do Parque Califórnia (infelizmente este Lago já não existe mais) e com grande algazarra se banham felizes. Invejo-os. Quisera eu encontrar uma nascente do meu tamanho, onde pudesse me refrescar nos dias quentes, ou mesmo nadar no lago calmo, transparente como era o nosso, proveniente de nascentes abençoadas por banhos de beija-flores, os príncipes das nascentes.

Joana Aranha