Os Ratos é que são Verdadeiros


E lá vai o cidadão fazendo mais uma opção ruim.
Movido pela emoção, uma do tipo inferior é claro, o sujeito não pensa muito na hora de agir.
Até sabe que está errado, até compreende que está fazendo besteira, mas sabe como é... só um pouquinho, escondidinho que não vai fazer mal para ninguém.
Então ele enfia o pé na jaca com gosto.
À noite, a cabeça até pesa um pouquinho no travesseiro, mas é jogo rápido. Logo ele arruma uma explicação e depois de alguns minutos dorme o sono solto dos velhacos consagrados.
Porque o cidadão é assim: apronta na vida, depois pede perdão no domingo. Sabe como é, Deus ouve tudo e como é misericordioso vai perdoar mais uma vez e mais uma e mais uma.
Mas a questão é que a besteira de um, sempre acaba sobrando para outros.
É impossível fazer uma opção ruim e sofrer sozinho as consequências. Sempre tem alguém magoado, sofrendo ou prejudicado no final.
Seria bom se, neste caso, fôssemos como bicho. Bicho sim, tem vergonha na cara.
Um rato jamais ficaria nos olhando com a cara fria enquanto tenta nos convencer de que não tocou na comida. Rato que é rato, foge, desaparece porque sabe que vai morrer se ficar ali.
E o cachorro? Quando faz coisa errada, enfia o rabinho entre as pernas, se enrola em um canto qualquer e fica esperando a tempestade passar. Um cão não inventa desculpes para justificar suas besteiras.
Já o homem... Ah! Este é uma figura.
Pego com a boca na botija, é a criatura mais cara de pau do planeta. Aliás, é o único cara de pau. Inventa qualquer coisa para se livrar.
E, uma vez munido de todas as explicações jurídicas, psicanalíticas, políticas e até religiosas, infla o peito, escreve e fala coisas fortes, poderosas, para justificar suas mentiras e sua dissimulação.
É até engraçado de ver. Em sua defesa, é capaz de tudo. Até de acreditar no que diz.
Depois do estrago feito, alguns se arrependem, outros nem ligam.
Uns dizem que mudam, outros querem convencer que mudaram. Mas lá, no escuro, nos momentos de silêncio quando estão apenas com eles mesmos, escutam o riso do cinismo e mais uma vez caem... bem... em tentação.
Porque “o cara” que é “o cara” não assume nada. Dá logo um jeito de por culpa em alguém... até no diabo e ponto final.
E assim seguem a vida, às vezes percebem a chance de fazer diferente, mas aí se cai novamente na tal da opção e sabe como é... mais uma vez, só um pouquinho, escondidinho que não faz mal para ninguém...







 
Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 26/06/2013
Reeditado em 26/06/2013
Código do texto: T4359566
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