2013 - Comentários ao outono carioca e brasileiro

"Se é público por que é pago? Se é pago por que é ruim?" (pergunta de um ´facebookiano´ desconhecido, mas que me instigou a responder) :

Permitam-me uma breve reflexão, mas penso que a pergunta seria: a tarifa absurda por precários e caóticos meios de transporte coletivos é paga por quem? pelas "classes que vivem do trabalho", sempre exploradas e que sempre pagam a conta em tempos de crise sistêmica! Estamos revivendo a fase da acumulação primitiva de capital que tem como marca principal a violência praticada sem limites, como ocorreu quando os portugueses e espanhóis massacraram os indígenas, os Incas, os Maias e os Astecas pelo único objetivo de ampliação de seus mercados.
Repito: os governantes e as elites brasileiros estão com a cabeça no umbigo!!! e no século dezesseis!!! Entre pessoas morrendo em hospitais e sendo agredidas nas ruas desde a semana passada e as arquiteturas...aposto que o talentoso e comunista Niemeyer faria tudo novamente e com uma concepção arquitetônica do século vinte e um!!! Somos mortais, não nos esqueçamos, dizia um velho professor Comunista que lutou na ditadura civil-militar de quarenta e nove anos atrás, com uma alegria sem tamanho e descrição na semana passada!!!
Tudo começou em junho, e, para mim, no domingo, dezesseis de junho quando, já indignada com a violência policial diante dos manifestos legítimos dos jovens nas ruas. Minha filha sugeriu que eu desse aula na rua para os alunos de graduação e o tema seria aula de cidadania. Plano de aula: participar do ato contra o aumento das passagens. Avisei aos demais professores e aos alunos que eu estaria no ato e sugeri sua participação, se assim o quisessem, mas não haveria aula convencional.  Revivi no dia dezessete de junho de dois mil e treze, segunda-feira, o que pude presenciar das escadarias da Biblioteca Nacional, há cerca de vinte e dois anos atrás: grávida de sete meses de minha primeira filha, questionada pelos meus irmãos e advertida sobre "os perigos" de ir à manifestação em mil novecentos e noventa e um, para a Cinelância me dirigi, sem medo. Mas tomei o cuidado de futura mãe e fiz um "tour" pela Biblioteca Nacional. Tinha, então, dezoito anos e queria um país melhor para todos nós brasileiros das "classes que vivem do trabalho".   Estive na segunda, dezessete de junho, e quinta, vinte de junho, na Candelária e em nenhum momento defendo ações explosivas de determinados grupos. Não me senti bem ontem, como ocorreu na segunda, fui embora; o que não significa que discorde dos protestos com demandas legítimas de nossa sociedade, ao contrário, apoio como brasileira, cidadã, progressista e ao lado das "classes que vivem do trabalho". Sabemos que há uma heterogeneidade e poucos se sentem representados. Faz-se necessária uma organização, o que o fórum ocorrido no IFCS buscou realizar na terça-feira. Portanto, meu comentário se refere à desimportante preocupação com prédios e arquiteturas, só isso, quando questões maiores são deixadas de lado por nossos governantes. Em momento algum defendo depredações.
Vale a pena compartilhar as atividades e participação efetiva e permanente da Frente em defesa da Saúde do Rio de Janeiro!!! Participando de forma qualificada, organizada e politicamente direcionada.
Pergunto-me, ao mesmo tempo, porque prendem só os militantes de partidos que mostram suas bandeiras, organizados em seus movimentos, pautando lutas reais! Estarão os grupos violentos jogando do mesmo lado dos governantes? As imagens demonstram que sim! Nós, a maioria dos manifestantes percebemos o que é mais relevante nos atos de rua. Parabéns a todos nós brasileiros pelas mobilizações!!!
Entretanto, discordo das intolerâncias vindas de quaisquer grupos. Vivemos em uma democracia, buscando adjetivá-la substancial, e um evento que declara não aceitar os partidos políticos é incoerente com a realidade e a luta histórica desses e dos movimentos sociais. Portanto, só participarei do próximo na medida em que esta exigência não conste das convocações; digo não à intransigência! E, finalmente, sobretudo, as análises e reflexões sobre o presente do outono e vindouro inverno carioca, brasileiro,  precisam respeitar o tempo, só ele poderá amadurecer os movimentos sociais e as avaliações no sentido progressista que queremos. Não nos esqueçamos dos fatos históricos, desde dois mil e um. O século vinte e um terá começado em dois mil e dez (ao menos para as massas pauperizadas dos grandes centros urbanos!), a partir do marco da Primavera Árabe,  conforme avaliam alguns intelectuais? Voltemos aos fatos em andamento e aqui em futuro próximo!
Susie Darling
Enviado por Susie Darling em 27/06/2013
Código do texto: T4360745
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