Cena no meio da tarde

Dedicado à moça anônima que inspirou esse texto)

Uma tarde de calor, monótona e igual a qualquer outra, ilumina-se quando você passa, despretensiosa, na juventude dos seus anos mas com um andar e um olhar que refletem mais do que sua idade permitiria esperar.

Você apareceu no meio da multidão e com sua beleza inocente, capturou olhares, arrastou-os consigo, dominou-os com sutileza.

Os seus pés deslizavam com elegância rara: o calcanhar pousando no chão, a planta dos pés antecipando o toque dos seus dedos no solo, a alternância das pernas parcialmente à mostra sob o vestido.

Seu corpo delineado sob o linho branco da sua roupa que contrastava com sua pele morena, beijada pelo sol.

Cabelos negros como a noite deslizavam sobre seus ombros e chegavam à meia altura em suas costas.

Seria uma sedução natural aquele que você inspirou ou teria sido planejada com cuidado quando escolheu o que vestir, o que calçar, por onde ir? Não sei.

Apenas sei que a sua postura ereta, seu caminhar seguro, sua elegância indisfarçável e rara, essas sim, são dádivas divinas das quais você soube se apropriar e exalar como bom perfume.

Tudo isso não dura mais que um minuto quando você passa por mim e segue o seu rumo.

A rua que se iluminara com brilho extra quando você passou, retoma a claridade comum, aquela que sempre possui.

Alguns olhares que a acompanharam, seguem sua rotina mas o sorriso sutil que apareceu em seus lábios, tão belos, ah! esses ficaram gravados em minha retina e foram eles que me fizeram escrever essa notinha para que o momento, tão único, não passasse despercebido.

André Vieira
Enviado por André Vieira em 03/04/2007
Reeditado em 03/04/2007
Código do texto: T436136