*Emoções*_"Prazer"

Emoções

Prazer

Difícil tema para uma abordagem sem ferir suscetibilidades, sensibilidades hoje em dia tão fora de moda, tão obsoletas que gritam forte nos taxando de antiqüados, de fora da realidade, que já nem sei mais o que somos, afinal.

Prazer, o que significa então? Segundo uns " contentamento, satisfação, deleite", outros,

"sensação ou sentimento agradável", e uma infinidade de outras definições que nos atordoam, nos sufocam de gozos e bem estares físicos, incríveis e difíceis mesmo de se descrever, tamanha diversidade de emoções que cada um sente, diferentemente.

Temos uma variedade imensa de prazeres na vida, desde os mais simples até os mais complicados, que são os que alteram nossa vida. São gamas de sensações que nos enternecem e nos completam. O prazer de ler, o prazer de ser, o prazer de estar, o de sentir, de ouvir, de apreciar a vida e a natureza, de aglutinar idéias tantas e outras, que deliramos de prazer e de satisfação imensa em saber que estamos vivos, latejantes de febris emoções, de sensações incoercíveis, que nos marcam, nos qualificam. São vocábulos e mais vocábulos que nos deliciamos ao falarmos de prazer e sentirmos o que realmente o que mais nos agrada em

definí-los para saber o que seja prazer na sua diversidade.

"Se eu pudesse dizer o que nunca te direi,

tu terias que entender aquilo que nem eu sei!"

(Fernando Pessoa)

Fernando Pessoa, o mestre das emoções, das sensações, dos prazeres que nos fazem desfrutar a vida, sem limitações, sem barreiras, sem infinitos, pois pertencem a cada um de nós e não temos que dar satisfações, a quem quer que seja, dos nossos prazeres, mesmo os mais simples e corriqueiros até os mais bizarros que possam parecer.

Ah! O prazer de uma boa música, cuja harmonia, cujas notas, acordes, nos fazem vibrar de tanto sonhar, de tanto deleitar, de tanta alegria de tantos desejares, em todos os lugares da nossa mente, do nosso coração, da nossa ansiedade, dos amares e dos fracassares também, pois constituem exemplos que devemos seguir para alcançarmos nossa plenitude, nossos amanhãs.

O prazer de uma boa leitura, que acomete nossos pensares, em nos deixar envolvidos pelas palavras hábilmente organizadas na sua definida e deleitosa composição. As letras desfilam, bailam à nossa frente, em esgares de pura fantasia, definindo elas mesmas o que são e o que significam no texto, como se estivessem patinando, esquiando no gelo que assoalha seus propósitos de aventuras. E nós nos metamorfoseamos de sonhos e emoções ao ler, ao sentir.

Outro prazer indiscutível é o prazer de pensar. A nós pertence, são só nossos os pensares, são únicos, são só nossos os divagares, as conquistas, as críticas, as vitórias tácitas que vivemos. Ninguém pode penetrar na nossa mente, pois pertence ao alívio da maneira de ser da nossa pessoa, mas são só nossos os pensamentos e são prazerosos, são infinitos nas nossas concepções, nossas doçuras e nossos féis também, para nos equilibrarmos e nos fantasiarmos de tudo e de nada. E saimos por aí afora, dando vivas e demonstrando nossos luares de imaginação e enternecimentos que vestem nossas vidas, nossos sonhares.

Somos seres divinos porque fomos geridos por Deus. À Êle devemos o que nos encharca de prazeres, criados para nos dar felicidade em estarmos vivos e ao nível incomparável de ser humano, para Sua Glória e Divindade, como elenco de criaturas que completam Sua Obra....

Deu-nos, com muita sabedoria, o prazer nas relações físicas, cuja erotismo nos atrai e estimula nos gozos incríveis sentidos, com a finalidade única da multiplicação e perpetuação da espécie. São o fascínio do prazer inenarrável nessas sensações, nessas emoções... Quer coisa mais prazerosa do que amar? Não só pela atração física, mas pela felicidade e paz da sua amorosa presença, sua ternura, seu aconchego, para nos inebriarmos de sensações excitantes no lirismo das presenças...

O amor físico, tão procurado, tão ansiado, tão necessitado, é a maior invenção que nos ofereceram, pois sacia, acalma, relaxa nossos desejos, nossas vivências, deixando sensações de paz e serenidade. Não vou me alongar nessa espécie de prazer. É delicado, profundo e individual, porisso deixo a cada um sua melhor interpretação de acordo com suas necessidades e

valores. Falar em prazer é como se detonar uma carga incrível de TNT e vê-la explodir em emoções e sensações poderosas que nos perpetuam e nos agradam em todas as maneiras possíveis na arte de sentir.

Mas o que não devemos permitir é que ele se insinue como único e absoluto nas nossas vidas, porque iríamos fazer parte só do físico e não é isso que queremos, só viver de sensações e não daquelas emoções, que só o espírito nos engrandece e colore nossa vida, nossas virtudes.

Equacionemos nossos prazeres para não ficarmos só à mercê deles, escravizados, e sim tê-los em nossas vidas, como complemento apenas de nossas necessidades e companheirismos...

Maria Myriam Freire Peres

Rio de Janeiro, 15 de março de 2005

Meus e-books:

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Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 19/08/2005
Reeditado em 19/08/2005
Código do texto: T43627