COMUNIC-"AÇÃO"

Quanto mais vivo nessa selva de pedra,mais acredito ser um ser muito primitivo.E não sou só eu,somos muitos. Essa não é uma descoberta magnífica,é algo tão simples que até essa humilde aspirante a escritora percebeu. É incrível como nascemos tão humanos e morremos tão arcaicos.Quando bebês,choramos quando sentimos fome,choramos quando sentimos dor,choramos quando estamos com a fraldinha suja,e choramos quando tomamos banho. Nos primeiros meses de vida,basicamente é o que fazemos:choramos muito! É claro que essa linguagem é a única que conhecemos,e como somos seres sedentos por comunicação,a desempenhamos muito bem. Alguns anos passam e os "meios" mudam,passamos a utilizar a fala,a escrita e os gritos (que não é uma coisa e nem outra). E nos achamos Gente,ora, nós somos! Capazes de persuadir qualquer pessoa apenas com a maneira como falamos. E nos valemos disso muitas vezes. Usamos todo nosso talento nato (até um bebê,recém chegado nesse mundo,sabe que ao chorar consegue o que quer),para realizações pessoais. E intransferíveis. Sim,não dividimos com ninguém nossa SATISFAÇÃO pessoal,afinal de contas,lutei por ela, É MINHA. E seguimos,projeto de "humanos" que deu errado,pois há de se convir que estamos longe de saber o que tal palavra quer dizer. Nascemos humanos e desprovidos de palavras,mas ainda assim temos voz ativa,choramos e somos prontamente atendidos. Crescemos e adquirimos consistência,capacidade única de nos comunicarmos,de evoluirmos através do conhecimento,e de entendermos certas coisas que para uma bebê, é impossível. E vivemos homens, no tamanho,na forma,no potencial,mas não usamos o que deveria ser primordial: nossa capacidade "COMUNICATIVA HUMANO SOCIAL",junção de palavras que pode não fazer sentido,só que faz.

Nascemos humanos e desprovidos de meios. Vivemos aquém de sermos humanos,inseridos em um dos meios mais eficazes e transformadores:O da comunicação.TEMOS VOZ! TEMOS FORÇA! TEMOS MUITO! TEMOS TUDO! E morremos, meros expectadores frios e desumanos,de uma vida fria e sem sentido,voltando a máxima de quando nascemos,só que com culpabilidade: "nascemos humanos e desprovidos de palavras,morremos desumanos,aos prantos,quando tínhamos voz."