Não tens nada prá fazer?

É ter ou não ter o que fazer?

Afirmam que a escrita nos faz voar. Verdade ou mentira, tenho minhas dúvidas. Ainda não vi escritor fazendo check-in. Prefiro, então que a escrita seja o viajar na clandestinidade, de qualquer forma ou modo.

Escrever é transpor barreiras territoriais, é passar em alfândega sem mostrar passaporte. Que tal dar um pulinho em Roma e ver o Papa? Não. Então vamos juntos a Austrália ver cangurus pulando? Não! Tudo bem... viajemos, então, no tempo em que os ladrões tinham a mão cortada, os assassinos a cabeça e os políticos trabalhavam. Este tempo você gostou, não é?

Não sei, mas gosto do tempo que fala da Segunda Grande Guerra. Os heróis do Eixo, as conquistas dos nossos pracinhas - Senta a Pua! Gosto de ler histórias reais a respeito e fico aqui pensando em Hitler. Cara esperto, sem dúvida. Então viajemos nas palavras:

O tribunal de Nuremberg julgava os nazistas até sem prova. O advogado de Hitler, sabendo que a justiça no Brasil além de ser cega é assim, meio abilolada, pediu o desaforamento do processo do “carrasco” - segundo os americanos - alegando que o Tribunal de Nuremberg estava comprometido com os estadunidenses. Eles haviam prometido uma passagem ao redor do mundo com todas as despesas pagas, para todos os juízes e respectivas damas caso todos os nazistas fossem condenados, em especial o “do bigode ridículo”. Como a democracia estava em alta e o Supremo Brasileiro gozava de ótimas recomendações de imparcialidade, foi escolhido para o julgamento do tirano ditador...

Primeira Audiência:

O Procurador Geral alisa a bata amassada, dá uma tossida e diz:

- Nunca vi tantas provas contra um réu. Todas são incontestáveis!

A esta altura, a imprensa do mundo inteiro veio para o Brasil. Correspondentes ficavam 24 horas frente ao tribunal enviando notícias. As manchetes já estampavam: “Hitler será julgado no BRASIL por crimes contra a humanidade, especialmente como responsável direto pela morte de mais de seis milhões de judeus”.

- Observem atentamente as provas, senhores. Vejam como o réu aqui presente prega a pureza genética!

- Senhores... senhores? Senhores, peço uma gentileza: não durmam! Vejam os projetos destes campos de concentração. Esta fumacinha saindo dos fornos crematórios! Não estavam fazendo pão, senhores ministros; estavam, no mínimo, fazendo sabão torrando judeus. E vejam isto. Acham que é um tipo de depósito? Não, senhores, são câmaras de gás!

O Procurador ainda não enxugara a testa com a manga da bata quando o Ministro número um pergunta:

- Estas fotos que Vossa Excelência está mostrando como foram obtidas?

- Foram obtidas na sede da maior praga que o mundo já conheceu, a Gestapo, na cidade de Berlim, logo depois da rendição.

- E daí? Pergunta o Primeiro Ministro.

O Procurador fica olhando com cara de tacho.

- E daí, senhor Procurador? Isto não prova nada! Por um acaso está anexado nos autos um mandato judicial?

- Não, Excelência.

- Então estas provas foram obtidas por meios ilegais! Quiçá coercitivos! Está desclassificada!

O Procurador olha em redor, respira fundo e, num gesto de garoto propaganda, apresenta mais uma prova, afirmando:

- Esta é IN-CON-TES-TÁ-VEL, senhor ministro. E aqui está presente o cidadão Schindler que nos forneceu a sua lista.

- O que diz de importante? Agora, o segundo Ministro pergunta.

- É a relação dos pobres miseráveis que escaparam de ser assados graças à intervenção deste industrial. Quem trabalhou na sua fábrica escapou.

O terceiro Ministro pediu ao Sr. Shindler se apresentar para depor. Houve um pequeno tumulto no tribunal porque um dos Ministros derrubou um copo com vinho alemão, mas a situação foi logo contornada. Fora o terceiro Ministro que, ao se levantar, estabanou-se com os gestos.

- Sr. Schindler, antes de qualquer pergunta, o senhor contribuía com o INSS e o FGTS? Estava em dia com o Leão até o fechamento de sua fábrica? Pergunta o Ministro estabanado.

Schindler responde com um sinal negativo na cabeça.

- Bem... então, além de desclassificar essa prova, peço ao tribunal que intime, neste momento, o dito cidadão Schindler a efetuar os pagamentos referentes ao fisco e à previdência. Que os valores sejam recolhidos aqui no Brasil, já que o país dele “caputz.”.

Emenda o terceiro Ministro:

Honorável Procurador da República, o critério estritamente abalizado desta Corte não se submete às vontades sem provas concretas. Para comprovar nossa imparcialidade para o mundo, peço a qualquer presente que me apresente uma prova de que este homem matou um, somente um, judeu! Mostre uma foto onde ele está acionando o gatilho ou uma foto onde ele abre os registros da câmara de gás ou um judeu meio apalermado por aspira-lo!

(SILÊNCIO, Silencio, Silencio)

Dizem que Sadan tentou mudar seu julgamento para o Brasil, mas Bush soube pela CIA que aqui ele seria julgado severamente sem qualquer chance de defesa. Os magistrados brasileiros, incorruptíveis e aplicadores da lei, seriam capazes de impor uma pena muito mais dolorosa que a forca e seria um julgamento muito rápido, sem muitas chances de divulga-lo na mídia. Além de tudo, que seria submetido a tratamentos desumanos que dispensam de aos criminosos principalmente a políticos corruptos.

Inclusive constatou em sua visita ao Brasil: “viu com os próprios olhos que a terra haverá de comer” um bandido brasileiro chamado Fernandinho Beira-Mar obrigado a pegar um avião e voar mais de 1.000 km para se apresentar num tribunal onde decidiram, por pura maldade, que ele terá que se apresentar outras vezes, sempre que for chamado. Se não tiver dinheiro para pagar – a tirana justiça brasileira proverá o pagamento inclusive com a contribuição do povo que

orgulhosamente contribuíra para o pagamento das despesas só para vê-lo no Tribunal.

Ps: Certo dia, meu avô, de saudosa memória, me afirmou que tinha visto Hitler na Praia de Camboriú/SC. Deu-me detalhes de sua aparência e que o dito só falava alemão. Disse que o cumprimentou com um aceno de cabeça e o cara levantou o braço em riste. Bem, creio que foi uma piada do meu avô...

Ops, peraí... meu avô nunca contou piadas!

...

...

...

É... as vezes o silêncio vale mais do que mil palavras.Vou fazer um curso de mudo!