DANÇA DE SÃO GONÇALO

(*) Edimar Luz

Comemorada em diversos estados brasileiros, a Festa de São Gonçalo, ou Roda de São Gonçalo, uma das múltiplas manifestações que também compõem nosso espaço cultural, é feita geralmente para pagar promessas, pois, entre tantas outras, é também uma festa popular de cunho religioso, que apresenta também coreografia e dança. Aliás, diga-se de passagem, aqui no nosso Estado, assim como nos demais estados do Nordeste, a maior parte dos festejos é de caráter religioso. Isso demonstra a inegável fé do nosso povo sertanejo. O Piauí é, na realidade, um estado bastante rico em folclore, e este revela essencialmente a história e o modo de vida de um povo.

É importante ressaltar que a Dança de São Gonçalo, que teve origem na Idade Média, em Portugal, chegou ao Brasil através da Bahia no início do Século XVIII, trazida pelos fiéis devotos do Santo português de Amarante.

Na segunda metade da década de 70, tive o prazer e a sorte de assistir a uma única e já praticamente desaparecida festa de São Gonçalo em nossa região de Picos. Isso ocorreu nas proximidades do povoado Cipaúba, numa casa simples, existente à beira do caminho que liga aquele lugarejo ao Baixio de Ipueiras, nas imediações do rio Guaribas. Lembro-me de que a noite era de muita escuridão, e ali, à luz de lamparinas e lampiões, pude observar in loco aquela bonita apresentação popular, que hoje praticamente está relegada ao esquecimento. Os participantes e os guias da dança de São Gonçalo batiam em cacos de cuia e cantavam hinos religiosos em louvor do Santo. Ouvi falar, entretanto, de muitas e alegres festas desse tipo realizadas aqui em nossa região, em um passado mais distante.

Convém lembrar aqui que toda sociedade deve ter o dever e o compromisso de transmitir o seu patrimônio cultural às novas gerações. Mas isso, principalmente em se tratando de determinadas manifestações populares, não vem ocorrendo como deveria. É uma pena, pois, como bem sabemos, a cultura popular é de fundamental e inegável importância na vida das comunidades.

Obs. Do meu livro Memórias do Tempo.

(*) Edimar Luz, é escritor/cronista, poeta, memorialista, articulista, professor e sociólogo, formado em Recife – PE.

Picos - PI, maio de 1996.

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 03/07/2013
Reeditado em 03/07/2013
Código do texto: T4370224
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